Em um mundo feito de bits, imagens, dados e muita informação, muitas vezes, ficamos com a sensação de que estamos perdendo tempo e importância das coisas. Meu papel é ajudá-lo a não ser tragado por tudo e, simplesmente, definir o que é importante, porque, para quê e com quais objetivos.
Pensando nisso, e no quanto a experiência em rede pode ser uma excelente oportunidade de troca e aperfeiçoamento profissional, criamos o conceito de “Trilhas de Aprendizagem” para realização de cursos In Company e que estão diretamente ligadas às áreas de Informação, Gestão de Conhecimento, Responsabilidade Histórica e Memória Institucional.
O formato de trilha visa facilitar os caminhos de aprendizagem para que cada instituição escolha os temas que mais lhe dizem respeito e de acordo com suas necessidades e escopo de Projetos ou Ações..
As Trilhas são uma incrível oportunidade de flexibilização de temas que servem ao aperfeiçoamento e capacitação aos profissionais de Informação, Gestão de Conhecimento, Memória Institucional e Patrimônio Cultural/Documental.
Aqui, você acessa as Trilhas de Aprendizagem Principal, com temas voltados à Gestão Documental, Curadoria de Conteúdos, Preservação Digital, Implantação de Centros de Documentação, Elaboração de Projetos de Memória, entre outros.
Nas Trilhas de Aprendizagem você encontra cursos que embasam toda uma linha de atuação ao universo institucional e que envolvem o trabalho de trato da Informação com vistas à produção de Conhecimento e fortalecimento de Identidade e Cultura Organizacional.
▪ Oficinas de Preservação e Conservação de Materiais Fotográficos (fotografias, slides e negativos de vidro e celulose). Considerados como documentação histórica, possuem valor permanente e constituem patrimônio documental das instituições possuidoras. Os materiais fotográficos necessitam de armazenamento em condições adequadas para sua preservação. As oficinas de preservação e conservação auxiliam com técnicas especificas para higienização, guarda e indexação destes materiais.
▪ Divulgação de Acervos Públicos e Privados: possibilidades e potencialidades – Como aplicar, de forma otimizada, as diferentes ferramentas de divulgação, em especial as da web 2.0.
▪ Gestão Documental para Racionalidade e Transparência Administrativa – O curso pretende discutir como a racionalização aplicada à gestão arquivística pode gerar benefícios não apenas imediatos de atender demandas de clientes (internos/externos) que procurem dados para prova, e como elemento essencial para a constituição de uma memória e identidade institucional e social.
▪ Boas Práticas de Preservação e Conservação de Patrimônio Cultural e Documental – Identificar as práticas essenciais para a manutenção de acervos em diferentes suportes de acordo com normas que respeitem a integridade física dos documentos.
▪ Normas e Procedimentos de Sigilo e Acesso à Informação – Permitir o acesso seguro à informação contida em documentos físicos e digitais preocupa as instituições públicas e privadas em razão do grande volume de documentos gerado.
As trilhas são compostas por cursos customizados para necessidades institucionais e são ministrado no formato webconferência ao vivo In Company. Não temos condições de ministrar cursos para pessoas individuais dada as dificuldades de conciliação de agendas.
Por exemplo:
* Sua instituição se angustia com o volume cada vez maior de imagens fotográficas que são produzidas? Possui dificuldades em sua localização? E as fotografias em suportes de papel ou vidro? Estão armazenadas adequadamente? Como fazê-las durar para a posteridade?
* O que é preservação digital, e como ela se aplica ao seu universo institucional?
* Para que serve e como se faz uma avaliação de documentos?
* Como implantar um Centro de Documentação e/ou Memória?
* Como garantir segurança, acesso e preservação à informações contidas em documentos físicos e digitais?
* Quanto tempo preciso guardar os documentos que produzo? Como estabelecer prazos?
A liberdade de escolher sua Trilha de Aprendizagem, determinar datas e os horários de preferência e em qual sequencia de composição de cursos é um dos diferenciais das nossas capacitações. Cada instituição possui demandas próprias, e por isso cada cusro é absolutamente customizado. Conheça os cursos e suas ementas, escolha a sequencia que preferem e se desejar, pode incluir também os cursos das Trilhas Alternativas de Aprendizagem.
Consulte-nos e saiba como compor a Trilha perfeita para sua Instituição.
O fascínio pelo Conhecimento é universal e atravessa épocas. É dele que se originaram inovações e invenções. Mudanças foram catalisadas e muitas delas revolucionaram sociedades inteiras. Isso não é diferente no mundo contemporâneo, em especial quando, aparentemente, delegamos à tecnologia tudo de bom ou ruim que nos possa acontecer.
É consenso no mundo corporativo que o Conhecimento é um ativo de valor e muito necessário para todo e qualquer ramo da atividade humana. Apesar disso, e de ser tão importante, porque gera tantas dúvidas? Porque acaba sendo tão subutilizado e até desperdiçado?
Talvez o caminho inicial de responder a tais perguntas esteja na opacidade de alguns conceitos que são caros ao conhecimento. Vejamos: É comum a confusão recorrente entre oferta e disponibilização de informação como sendo caminho direto para que haja Conhecimento. Imagina-se que tendo uma oferta abundante de informação o conhecimento torna-se mera consequência. Entretanto, é preciso que isto fique muito claro: informação sem contexto ou sem ser transformada em experiência não é coisa alguma. Se acumulará de tal forma que poderá transformar-se em uma massa amorfa, sem importância ou valor. Este talvez seja o erro mais comum que a maioria das pessoas comete, que é o de confundir dados, informação e conhecimento. Alguns os tomam como sinônimos e outros os confundem barbaramente. Para tanto, escrevi há algum tempo um post onde procurei esclarecer cada um deles. O artigo chama-se: “Dados, Informação e Conhecimento. O que são?”. É fundamental tal compreensão, pois sem isso estaremos andando em círculos e não chegando a lugar algum.
“(….) me aflige a confusão que muitos fazem de gestão de conhecimento com ferramentas tecnológicas.
Não se lida com intangíveis com um pensamento que vem de forma binária.
Eu própria tenho minhas reservas até mesmo em relação ao termo “Gestão do Conhecimento”, e considero que em geral somos capazes de fato de gerir informação. Não há como gerir o que seja alheio ao indivíduo. Acho que prefiro a expressão “Gestão de Informação para a produção de Conhecimento. (…)”
Sob esta ótica, para que o trabalho de Gestão do Conhecimento aconteça é necessário a integração de vários profissionais que utilizem conceitos, modelos, métodos e métricas, desenvolvidas por várias disciplinas, compondo um crescente leque de conhecimentos que, passo a passo, formará as bases teórico-metodológicas de uma disciplina científica. Em geral, a Gestão de Conhecimento se bem feita terá como principio básico o sentido de reutilização, de retroalimentação, já que sempre se pautará naquilo que já preexiste. Nada surge do vácuo. Toda produção de conhecimento atual só existe porque alguém anteriormente pensou e lançou bases.
Graficamente diria que a informação é matéria-prima para produção de conhecimento e que este em presença de criatividade pode gerar inovação. Esta, por sua vez produzirá mais conhecimento que necessitará ser registrado como informação. Temos assim o circulo virtuoso da produção de conhecimento: Sob esta ótica, o conhecimento é, como dito acima fruto de reutilizações de saberes anteriores. Mas até para se utilizar as informações encontradas o indivíduo necessita saber fazer as perguntas certas. Necessitará de alguma experiência sobre o que será de valor para si e o que não lhe servirá. Por isso, minha imagem não começa com dados e sim com informações, pois estas já foram trabalhadas e reunidas de alguma forma. Está como dizemos, estruturada. A dispersão dos dados problematiza ainda mais as dificuldades para a produção de Conhecimento, já que seus registros não possuem um contexto e não estão estruturados de modo a fazer sentido.
Da soma dos saberes desta integração fica claro que a tecnologia sozinha não tem potencial de produção de Conhecimento. Assim, é o Conhecimento que gera inteligência organizacional, vantagem competitiva e valor. Não se trata apenas de gerir ativos de Conhecimento, mas também da gestão dos processos que atuam sobre tais ativos, o que inclui desenvolver, preservar, utilizar, reutilizar e compartilhar Conhecimento.
Em geral, diferentes instituições, e mesmo alguns profissionais (uns bem intencionados e outros nem tanto) “vendem” tecnologias como sendo sinônimo de Gestão de Conhecimento. Esquecem-se de que a tecnologia é apenas meio. NUNCA será um fim em si mesma e NUNCA fará coisas por si só. Por enquanto obedecerá formulários lógicos com pouca, ou alguma criatividade.
Delegar à ferramentas o que tem a ver com competências igualmente intangíveis, como o é a produção de Conhecimento, é um equívoco colossal. Uma instituição passa longe de poder gerir conhecimento. Muito menos qualquer pessoa (e isso, por mais bem intencionada que esteja!). Cabe ao ambiente organizacional e ao Gestor de Conhecimento oferecer condições adequadas para que a produção de Conhecimento se dê, através de estímulos, trocas e possibilidades interpessoais acima de tudo. Mas se o Conhecimento se dará e produzirá frutos ninguém pode garantir, já que tal produção é individual e intransferível.
Fazer circular a Informação no ambiente organizacional para que se produza Conhecimento e eventualmente Inovação, fortalece aspectos que vincam a cultura organizacional. Entender que o grande motor desta circulação é a generosidade do compartilhamento de saberes é um caminho interessante, apesar de ser lento e longo na opinião de gestores com pensamento binário. A generosidade do saber e o compartilhamento decorrente de experiências que podem gerar frutos: uma vela que acende outra não perde sua luz, numa citação de Thomas Jefferson.
O papel da Gestão de Conhecimento é exatamente oferecer ambientes favoráveis para que as pessoas estejam estimuladas a compartilhar, dar ideias, inovar, trabalhar em equipe e resolver problemas de forma colaborativa. É portanto, uma grande fonte de contribuição para a inovação e produção de conhecimento dentro de uma organização.
Sem este universo em mente, não há ferramentas tecnológicas que possam fazer algo pela instituição.
Esta forma de pensar a Gestão de Conhecimento no ambiente organizacional está muito atrelada à forma como lido com a Memória Institucional e a forma como esta é meio para valorizar o Capital Intelectual nas organizações. Aqui está o link fundamental entre o conhecimento tácito e implícito e a roda que faz girar a inovação ao mesmo tempo em que fortalece e vinca a cultura e identidade de uma instituição. Perceber esta costura fina é fundamental e está longe de poder ser relegada a mera aplicação e usos de ferramentas. Fazer isso é subutilizar o que é verdadeiro patrimônio e valor dentro das organizações.
É preciso lembrar e ter sempre em mente que compartilhar conhecimento nas organizações, ele:
Não diminui;
Se multiplica
Cria Inovação capaz de gerar ainda mais conhecimento;
É validado em todas às sua expressões, ou seja, pode ser utilizado desde a alta gerência até o chão de fábrica.
Como podemos ajudar? Na ER Consultoria possuímos metodologia própria, conhecimentos testados e experiência prática para auxiliá-lo na melhor configuração de um Projeto de Gestão de Informação com vistas à Gestão de Conhecimento.
Ainda vivemos o rescaldo de uma das maiores tragédias culturais que nosso país assistiu bestializado: 200 anos de pesquisa e trabalho científico viraram cinzas sob os olhos televidentes do Brasil e do mundo. Era domingo, perto das 19 horas no primeiro dia da “Semana da Pátria”.
Ironias à parte, eram um dia e horários nobres para que assistíssemos o inominável desfecho de séculos de desprezo ao Patrimônio que é de todos. Nosso Patrimônio Cultural/Documental foi consumido pelo descaso, por cupins e chamas!
Naquele momento faltavam palavras… sobravam dor e estupor.
O regresso civilizacional que demonstramos e nossa impotência de ser fiel guardador de um Patrimônio único e precioso que não é de um Museu, mas da Humanidade. Sim, Humanidade! Pois, Patrimônios Culturais pertencem à toda a civilização humana: é Responsabilidade Histórica que devemos à nossa geração e às futuras.
Mas afinal, que povo, que sociedade somos nós? Pergunto, pois o momento atual não é o de sair à caça de bruxas e bodes expiatórios, sem qualquer crítica reflexiva. Fazer isso nada mais será do que escancarar, apenas e tão somente, espasmos de um discurso raso e oportunista.
Buscam-se “culpados” e “responsabilidades”, mas sem uma verdadeira e profunda preocupação. Em verdade, venhamos e convenhamos: o descaso e desrespeito ao Patrimônio Cultural e Histórico no nosso país foi construído e exercido há séculos, e por todas as camadas e segmentos da sociedade. Não ocorrem do dia para noite. Em alguns casos é fruto de séculos.
É exemplo disso, o relatório de 1844 que o então Diretor do Museu Nacional, Frei Custódio Alves Serrão, responsável pela instituição entre os anos de 1828 e 1847, apresentava sobre as condições precárias do Museu, então com 26 anos de vida.
Em suas palavras: “A Seção de numismática e artes liberais, arqueologia, usos e costumes das nações antigas e modernas acha-se em uma sala cujo teto ameaça ruína, visto as grandes fendas do estuque que continuamente se alargam“.
Diferentes relatórios se sucederam e as dificuldades não cessaram.
A maior prova deste fato foi o ocorrido no fatídico 02 de Setembro de 2018.
Pensemos sobre a sociedade que temos e que conseguimos produzir nestes nossos poucos séculos de existência. Será mesmo que como conjunto, podemos ser considerados um povo que exerce sua cidadania zelando e cuidando do que seja seu Patrimônio Cultural? Quantos de nós, individualmente ou como instituição, cumprimos o papel cidadão de responsabilidade histórica para com as futuras gerações?
Um breve olhar nos faz ver que nossa sociedade saiu direto do analfabetismo funcional para as redes sociais, sem escala, crivo ou pensamento crítico. Consome-se diversão através de grandes telas pixeladas e dificilmente, estes mesmos consumidores estiveram de fato dentro de um museu consumindo a cultura que necessitou de séculos para ser produzida.
Pergunte a quem está ao seu lado, quantos livros ou artigos leu no último mês, e quantos vídeos compartilhou no YouTube. Os analfabetos funcionais na nossa sociedade podem não ler, nem compreender um único parágrafo, mas não se descolam de seus Smartphones, e a quantidade de compartilhamento e likes movimentados em um único dia, indicam que absolutamente nada é lido, nem pensado. Uma sociedade espasmódica e plana, que não sabe o nome dos museus de sua cidade, as exposições que abrigam e com quem dialogam. Mas que distribui como ninguém correntes de Whatsapp e fotos fazendo biquinhos no Instagram e Facebook.
Descaso, cupins e chamas… O que me aflige, é que o tempo passará, e em breve até os poucos indignados se calarão, pois não terão mais ouvidos para além das imagens sensacionalistas produzidas em um dia de intensas reportagens televisivas voltadas única e exclusivamente para garantir consumo de imagens e dar aos cofres das empresas de mídia anunciantes ávidos por consumidores voláteis.
Em pouco tempo a revolta estará calada, e voltaremos a ver patrimônios serem pichados, sujados, vandalizados, roubados, destruídos. Quer por inciativas individuais, quer por iniciativa das Administrações Públicas e Privadas, que estarão cada vez mais negando ou tirando recursos para “investir” em outras áreas.
Ou as águas do temporal de 2 de janeiro de 1990, que invadiram a Biblioteca de Filosofia e Ciências Sociais da USP atingindo em cheio os livros colecionados a duras penas desde a chegada da Missão Francesa que fundou a USP?
Ou a enchente do Rio Pinheiros nos meados dos anos 1980, na Vila Leopoldina, que inundou o pavilhão do Tribunal de Justiça de São Paulo onde era abrigado um acervo de 200 anos do Arquivo do Judiciário? Mais de um metro de água suja cobriu muitas centenas de processos, entre eles os 180 volumes do processo da Revolução de 1924. Um dos volumes era exclusivamente de fotografias, um documento visual da tragédia ocorrida em São Paulo naquele ano. Aquele arquivo era fundamental para o estudo de questões sociais, referência de teses acadêmicas sobre temas fundamentais de nossa história social, como criminalidade e anomia social.
Ou quem sabe o incêndio que consumiu o Museu de História Natural da UFMG, que abrigava segundo a instituição 265.664 itens entre peças e espécimes científicos preservados e vivos, em diferentes áreas de Conhecimento, como: Arqueologia, Paleontologia, Geologia, Botânica, Zoologia, Cartografia Histórica, Etnografia, Arte Popular e grande quantidade de Documentação Bibliográfica e Arquivística. O espaço ainda contava com um auditório, viveiro de mudas, uma lagoa, um anfiteatro ecológico e um jardim sensorial.
Ou seja, estamos conseguindo nos jogar nas trevas da ignorância e do alheamento para com a produção de diferentes saberes. Será mesmo isso o que queremos como Nação, como Sociedade e como Comunidade Científica e Acadêmica?
O Culto à Ignorância Arquivos, Bibliotecas e Centros de Documentação significam para a humanidade verdadeiros templos: fiéis guardadores do saber e da construção do Conhecimento através dos Tempos e das Eras. Sem eles perdemos nossa Identidade. Perdemos o sentido do: de onde viemos e para onde vamos. São nestes espaços que a pesquisa e a investigação se adensam, fortificam-se e geram saberes perpetuando-se para futuras gerações. Desprezar isso é a barbárie social e cultural de toda uma civilização.
Uso as palavras textuais do professor José de Souza Martins:
“Subestimar, depreciar e abandonar os acervos que registram, preservam e acumulam o saber vivo de muitas gerações mortas de pesquisadores e cientistas é renunciar à ciência. Descuidar dos acervos de arquivos, museus e bibliotecas é a morte do próprio conhecimento“.
É preciso que abandonemos o culto à ignorância e ao desrespeito ao passado. E infelizmente nosso país tem sido zeloso neste culto. De alto abaixo: de secundaristas à gestores de multinacionais – o culto à ignorância e à reverência ao deus mercado e ao imediatismo tolo tem sido a regra. Vive-se o hoje pelo hoje e se esquecem de quem não tem passado não possui lastro para construir presente nem futuro.
Assisto atônita como profissional da informação e lidando com Memória Institucional, um descaso descomunal com o que é considerado apenas “gasto”. Gestores, ditos “profissionais”, possuem uma visão que não alcança um palmo e se esquecem de que sua gestão passará, mas a História do que formos e fizermos, para o bem ou para o mal permanecerá. As vantagens e cifras obtidas em negar o que é devido à História, cobrará uma fatura altíssima no futuro. O gestor que não consiga ter vistas ao futuro não praticará a gestão, e sim ingerência.
O descaso que presenciamos pode ser de amplas proporções com labaredas imensas, consumindo trabalhos de séculos em horas. Ou pode ser no descaso praticado diuturnamente com as más condições de vida e trabalho oferecidas à profissionais e seus acervos. Pode ser nas goteiras que não abandonam telhados, fissuras e rachaduras que insistem em trincar paredes, nos armários ou materiais para acondicionamento que nunca chegam, nas tecnologias que já chegam ultrapassadas. Pode ser na mão-de-obra que nunca é contratada ou no recurso que é sempre esparso e insuficiente. Pode ser na perda de capital intelectual por meio de políticas de juniorização das instituições, quando experientes profissionais simplesmente são encostados ou demitidos para dar lugar a jovens ambiciosos mas sem qualquer experiência. Não importa! O fim último é sempre o mesmo: perda de Patrimônios e subtração de nossa História, com impactos profundos sobre funcionários ainda zelosos e a Memória Social de diferentes gerações.
Os documentos (entendidos aqui como todos os registros da atividade humana) em diferentes suportes, são verdadeiros sobreviventes. São sobreviventes de descasos múltiplos, mutilações, abandonos, desprezos, ataques de forças da natureza (enchentes, vendavais, insetos, terremotos, incêndios), ou talvez o mais nefasto deles: o ataque dos humanos (vandalismo, roubo, depredação, desprezo, abandono, ingerências de várias ordens e instâncias). No capítulo ingerências poderia escrever um tratado escrito em frente e verso sobre as diferentes formas que gestores, que em teoria deveriam zelar por seus patrimônios, tornam-se por ignorância ou determinação, algozes do passado e do futuro: imprimem ao presente e às suas gestões a determinação da destruição. Acreditam ser perenes. Quando em verdade passarão, mas os estragos causados permanecerão como testemunhas silenciosas de sua passagem, suas práticas, feitos, desfeitos e omissões.
Por outro lado há os que acham, de novo, que Patrimônios se reconstroem! Acham que basta destinar alguma verba e tudo estará “reconstruído”. Uma palavra de cautela aqui: em primeiro lugar não há “reconstrução” para o que é imaterial! E não há reconstrução para Patrimônios da Humanidade, há sim, esforços de “restauração”. Mas esta está condicionada há muitos fatores e possivelmente, não poderá ser efetuada em sua integridade.
No caso do Museu Nacional, se em alguns casos a pedra e o cal podem ser “restaurados”, há coleções construídas no decorrer de 200 anos de pesquisa e trabalho científico que não poderão. São trabalhos feitos à mão por centenas de pesquisadores e existências inteiras dedicadas à pesquisa e produção de conhecimento. O Conhecimento é construído e tessido a partir do acúmulo e do diálogo estabelecido com seu predecessor.
Por isso, o trabalho de produção de Conhecimento a partir de estudo e pesquisa é algo que não está em uma prateleira para ser buscado e recolocado em seu lugar. Não há peças de reposição! Diferentes pesquisadores já morreram há décadas e com eles seus saberes que estavam cristalizados no conjunto de suas coleções e estudos.
E aqui é preciso compreender a forma específica que um Museu se constitui. Em nada se parecem com valores, cifras e acúmulos bem conhecidos dos cultuadores do “deus mercado”. Há coisas que definitivamente o dinheiro não compra!
O que importa, é que o acontecido no Museu Nacional do Rio de Janeiro serviu para colocar em debate aspectos relacionados à preservação e conservação de documentos e coleções imbuídas de valor histórico.
Conservação Preventiva como Políticas de Preservação de Patrimônios Antes de pensarmos em restaurar, precisamos ter o sentido do que são ações e Políticas de Preservação que devem nortear instituições com acervos tão ricos e especiais. A noção de preservar tem que ver com uma atitude de prevenção, é algo que se estende a modos que impliquem uma conscientização que pode ser de um grupo, uma pessoa ou uma instituição.
Como forma de auxiliar nesta definição, apresento de forma sintética como todos estes termos polissêmicos podem ser entendidos.
O mais importante em ações que envolvem políticas de preservação e conservação são sua manutenção no tempo. Para isso definições de prioridades e estratégias de como utilizar recursos são fundamentais. E aqui entra um aspecto fundamental: a prevenção não ocorre com grandes montantes de vez em nunca, mas em ações contínuas. Precisam ser entendidas como políticas de preservação e conservação preventiva, que precisam ter ser espaço garantido no decurso do tempo.
Vamos compreender alguns equívocos recorrentes: Em muitos casos, argumenta-se que é preciso utilizar diferentes processos tecnológicos para “salvar” tais documentos. Mas é preciso que se diga que coleções formadas e guardadas em Museus possuem uma característica para além do que é oferecido por documentos bidimensionais: a digitalização ou microfilmagem torna-se inviável já que tais documentos são objetos tridimensionais, dotados de características muito específicas e únicas, e denominados por isso, de Cultura Material. A principal característica deste tipo de registro pauta-se sobre sua existência material, única e carregada de sentidos tanto quanto de forma e conteúdo.
Não há reflexão possível ou provável a partir da sua ausência ou falta. A imaginação serve pouco, pois carece de análise que só os indícios podem trazer.
O que teremos neste caso, seria uma redução das potencialidades de uma documentação nascida a partir da experiência tridimensional (cor, textura, peso, etc) para sua redução à bidimensionalidade de uma imagem escaneada. Não há aqui crítica pela crítica, mas sim uma característica indissociável do que seja o objeto tridimensional e o bidimensional. A digitalização aplicada a este conceito reduziria possibilidades de pesquisa e investigação próprios e caros à Cultura Material.
Processos de digitalização podem e devem ser introduzidos em Políticas de Preservação e Conservação de Patrimônios, mas nunca como uma medida pós tragédias. Convém que sejam pensadas e implementadas como estratégias de conservação preventiva. Para entender melhor este tema, sugiro a leitura de um artigo que escrevi intitulado “Uso de tecnologias como política de preservação e conservação de patrimônio cultural/documental“.
Uma nota de atenção Há ainda os ditos liberais de plantão que acreditam que empresas privadas dariam melhor conta dos desafios administrativos de um Museu. Mas aí entramos em outras questões: um Museu está relacionado à Cultura e Identidade Nacionais. Não podem ter lastro com intenções e oscilações do deus mercado. Se iniciativas privadas possuem um interesse grande pela imediaticidade de retornos, custos e cifras seria muito complicado para uma instituição que tem sua responsabilidade marcada pelo seu compromisso com o tempo e longe de vínculos com o Mercado.
Se tais instituições privadas querem o bem dos Museus podem sim auxiliar fornecendo possibilidades financeiras e de boas práticas gerenciais, mas com um sentido colaborativo e não como responsáveis diretos e únicos.
Patrimônios da Humanidade pertencem ao conjunto de toda a sociedade e precisam ser tratados como bem de todos, e portanto, devendo ser garantidos através do tempo para a posteridade. Não podem estar regulados por interesses de mercado onde cifras, metas e bilheterias servem de métricas.
O papel de inciativas privadas é dotar tais instituições de condições para se perpetuarem no tempo e garantir que seus acervos fiquem guardados em segurança cumprindo seu papel histórico e social. Ao fazer isso, as empresas envolvidas estarão cumprindo seu papel de Responsabilidade Histórica para com a sociedade presente e futura.
Adendo pós-incêndio na Cinemateca Brasileira:
Um roteiro de como se destruir a Memória de um país
Tal como temia, após o incêndio do Museu Nacional outras grandes tragédias o sucederam. Em 29 de Julho de 2021, o fogo encontrou a Cinemateca Brasileira. Era mais elemento de destruição somado ao abandono em que a instituição se encontrava. Até o Ministério Público Federal chegou a processar a União por abandono do acervo em julho de 2020.
A trágica histórica da Cinemateca Brasileira encontrou seu pior enredo em 2019 quando o governo federal anunciou que não iria renovar o contrato com a organização que tomava conta da Cinemateca. Mesmo sem receber seus salários, parte da equipe que lá estava continuou trabalhando por amor ao acervo e medo que este fosse completamente destruído pelo abandono e descaso. Mas infelizmente em agosto de 2021, o secretário especial da Cultura, Mario Frias, exigiu que todos saíssem e as chaves fossem entregues. E assim aconteceu.
O restante da tragédia todos sabemos:
Filmes antigos com base de nitrato de celulose, necessitam de trabalhos de preservação e conservação como forma de prevenir incêndios e outras formas de deterioração. Sem elas o roteiro de destruição de consumaria mais dia menos dia, tal como ocorreu em diferentes ocasiões.
A Cinemateca Brasileira (criada por intelectuais amantes e estudiosos de cinema) sofreu diferentes incêndios no decurso de sua história:
1957: A Cinemateca havia se separado do MAM para obter independência jurídica e administrativa e conseguir apoio financeiro público. Finalmente havia se tornado a Cinemateca Brasileira (antes, era a Filmoteca, um departamento de cinema dentro do MAM).
“Ali, estavam guardadas películas dos primórdios do cinema nacional, documentários da vida do país” dos últimos 30 anos, diz o texto, “entre fitas do interior e películas alemãs, francesas, inglesas, russas e norte-americanas”. 1969: Um novo incêndio, desta vez em prédio dentro do Parque do Ibirapuera consumiu cerca de 300 filmes. 1982: Desta vez 1,5 mil filmes foram perdidos por um novo incêndio. 2016: Neste incêndio, foram mais de mil rolos de filmes perdidos. Segundo o site da instituição, o fogo destruiu 731 dos 44 mil títulos guardados na Cinemateca. 2021: Ainda não se sabe qual parte do acervo se perdeu neste quinto incêndio. Um manifesto divulgado por ex-funcionários da instituição lista itens do acervo que estava armazenado na Vila Leopoldina e que pode ter sido perdido ou afetado pelo incêndio. Itens como todo o acervo documental das polícias do audiovisual brasileiros, como o Arquivo Embrafilme. Também havia ali parte do acervo de documentos do arquivo Tempo Glauber, “inclusive duplicatas da biblioteca de Glauber Rocha e documentos da própria instituição”, diz o manifesto.
O manifesto dos trabalhadores da Cinemateca classifica o incêndio de quinta (29/7/21) como um “crime anunciado, que culminou na perda irreparável de inúmeras obras e documentos da história do cinema brasileiro”.
Entrevista concedida ao Jornal El País e publicada em 10.08.2021 em versão espanhola para público internacional.
É evidente que não bastam indignação, dor, revolta. Estamos diante de um projeto de destruição da cultura em nosso país. E este vem sendo vencedor…infelizmente!
É fundamental que intelectuais e profissionais de diferentes áreas e setores se unam e encontrem formas, atitudes e ações que de fato alternem este estado de coisas.
Cada um a sua maneira deve buscar forma colaborativas e criativas de ajudar a salvar acervos, história e memória. Da minha parte sigo colaborando como sei.
Se você possui dúvidas sobre como tratar seus diferentes patrimônios entre em contato e encontraremos uma forma de auxiliá-lo quer por uma Assessoria Técnica Especializada ou por meio de Capacitações Técnicas ao seu corpo de profissionais.
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* Versão atualizada a partir do incêndio na Catedral de Notre Dame acontecido em 14/04/2019 e com o incêndio do Museu de História Natural da UFMG, ocorrido em 15/06/2020 e do incêndio na Cinemateca Brasileira em 29/07/2021.
Em que ponto, em que rua ou travessa de sua existência seu carteiro parou?
Sim, aquele personagem que o visitava todos os dias, mas não com faturas de contas ou boletos bancários, cobranças várias, mas sim, aquele que lhe trazia notícias de longe?
Aquele que por anos a fio visitava toda a sua rua e conhecia cada morador por nomes, hábitos e caligrafia?*
Incrível como o tempo e as tecnologias nos afastam de alguns personagens urbanos. O carteiro era destas figuras que por largos tempos eram esperados todos os dias de forma ansiosa num misto de muitos sentimentos. Às vezes havia euforia, risos, contentamento, outras tantas tristeza, preocupação, melancolia, saudades…
Sua vinda representava que alguém em alguma parte havia tomado tempo de suas horas e nos dirigido palavras… muitas carregadas de emoção. Algumas noticias chegavam acompanhadas de pequenos retalhos, detalhes, inserções: pétalas de flores, fotografias, marcas de batom, papéis coloridos, folhas secas,pequenos objetos, recortes de uma existência ou de um momento vivido.
O tempo das escritas manuscritas perdem-se na história, e em alguns casos já não são nem mais referência de coisa alguma. O carteiro e suas cartas em papéis perfumados e coloridos povoam hoje mentes de poucos e em geral, tem em comum uma mesma geração. A mesma que colecionava envelopes, papéis, selos, canetas coloridas. Uma geração que sabia como ninguém o sentido da escrita de próprio punho e o significado de cunhar palavras com tinta sobre papel. Uma geração que entendia a escrita como um gesto de doação e entrega. Afinal, tempo, sentimentos, pensamentos, projetos levam tempo tempo de arquitetura e generosidade de doação.
Era este personagem que carregava em suas mãos nossos amores, segredos, saudades, esperanças, promessas, planos. Em pedaços pequenos, geometricamente cortados eram carregados em ordem numérica no crescer ou decrescer da ordem das casas distribuídas pela rua. A organização das cartas obedecia uma ordem toponímica e geográfica para que o enredo de histórias e lugares se dessem. Afinal eram histórias tramadas à distância que encontrariam numa toponímia qualquer seu desfecho e destinatário.
Apesar de organização antecipada e rígida, pois obedecia uma sequência de localização, nem por isso, deixava de saber o nome do remetente e destinatário. Chamava pelo nome e tinha a certeza de saber de quem se tratava.
Amigo íntimo de cães, senhoras, gatos, moleques e bolas. Tinha de driblar todos para conseguir cumprir sua função que era a de nos fazer chegar as mensagens que trazia.
Sabia guardar segredos e zelava para que nunca uma carta encontrasse mãos erradas ou indevidas. Zeloso cuidador. Fiel guardador. Atento portador.
Em dias de chuva o cuidado era redobrado: afinal a água que vinha do céu não podia estragar sua preciosa carga. Se tivessem que ser molhadas que fossem pelo sal das lágrimas de contentamento ou tristeza de um destinatário qualquer, mas nunca por uma faxina de São Pedro pelos céus da cidade!
Com o seu andar percorria diferentes trajetos, muitas vezes sinuosos, em trechos que poderiam ser longos, incertos e até perigosos. Caminhadas de dias inteiros eram comuns e lugarejos em vilas e aglomerados dos mais distantes tinham a segurança de ser visitados por ele e sua mala de pequenas preciosidades.
Em sua mala à tira-colo havia também revistas, livros, informativos, encomendas diversas.
E ainda haviam os postais.
Ah…os postais!
Quanta imaginação e emoção provocavam.
Receber um era daqueles sinais de mais alta estima e conta. Afinal alguém distante em viagem de passeio ou negócio havia parado, escolhido, postado e enviado uma mensagem que vinha como imagem recortada de um sonho de deslocamento. Quantas gavetas e quantas caixas estes postais encheram por tantos lugares através do tempo. Ofereciam ao seu destinatário a possibilidade de simplesmente embarcar em trechos de belas histórias, em roteiros imagéticos que seriam em um encontro de retorno completamente detalhado e destrinchado com notas e explicações. Com sorte ainda ganhariam fotografias posadas trazidas pelo viajante. E para além de tudo traziam a escrita em próprio punho do emissor.
Em seu verso eramos agraciados com um carimbo de local e data e quase sempre um belíssimo selo. Uma composição para os sentidos e imaginação. Verdadeiros objetos de cultura material, e hoje quase extintos em seu sentido de troca. Únicos e especiais traziam a marca indelével do tempo e da composição de um remetente distante.
Perderam uso e interesse a partir da proliferação de selfies e demais registros digitais: rápidos, mas extremamente descartáveis e até impessoais. As possibilidades de ampla reprodutibilidade tiraram a aura do registro. Seguem apenas como mero instantâneo. Quem faz e quem recebe dificilmente será tocado, como ocorria com o postal trazido pelas mãos do carteiro.
O postal era uma preciosidade que só nos alcançava graças às mãos e ao trabalho de nosso personagem carteiro.
Portador de tantas histórias miúdas, acontecidas como que a conta-gotas e dia a dia sentia-se feliz e orgulhoso de participar desta troca.
Às vezes chegava-nos urgente, com pressa: trazia um telegrama. Era comum quase esperar sua abertura para saber se haveria risos ou tempestades. A euforia e pressa do destinatário em geral não esperava o portão se fechar.
As palavras aqui eram curtas, cifradas e teriam que valer pela urgência na entrega.
Hoje os tempos são outros. Não sabemos nem o nome e nem a cara de muitos carteiros. As casas diminuíram muito e na imensidão de prédios e condomínios contam com a ajuda de caixas impessoais com números e chaves. Nunca sabemos quem por lá andou e em geral, o volume que nos chega passa muito longe de ser agradável ou motivo de memórias e lembranças. Apenas cumprem uma função logística de distribuição, onde o que conta é mesmo um número dentro de um escaninho ou caixa.
As noticias alcançam-nos por outras vias. Talvez mais rápidas e imediatas, mas com certeza sem a aura de tempo e cuidado dispendido em sua elaboração e destino.
O carteiro como tantos outros que figuram como personagens urbanos tem encontrado muitas transformações ao longo do tempo, em em vários casos, simplesmente desaparecem no cenário urbano ou social.
Trabalhos de Memória Institucional podem resgatar tais personagens e suas práticas de trabalho e nos fazer valorizar tradições e saberes que muitas vezes só se alcançam através de relatos e memórias.
Possui em sua comunidade ou instituição trabalhadores/personagens que tenham esta relação com seu entorno? Gostaria de saber como valorizá-los e transformar tais registros em Patrimônio Cultural? Consulte-nos. Teremos imenso prazer em pensar um Projeto de Memória que melhor se adeque à sua demanda.
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* Post publicado originalmente no meu Blog, o Pensados a Tinta.
A inspiração foi do meu carteiro de infância que me acompanhou por toda a minha fase de adolescência até a vida adulta. Meu carteiro ficou na minha rua até se aposentar. Cresci, casei, mudei e nunca mais tive um carteiro para chamar de meu.
Quando falamos em dados, sempre estaremos lidando com números astronômicos. 90% dos dados que há no mundo hoje foram criados nos últimos dois anos e, agora, a cada dois anos, o mundo dobra a taxa em que os dados são produzidos. “Segundo a sexta edição da pesquisa DOMO em 2018, mais de 2,5 quintilhões de bytes são criados todos os dias (domo.com). E, no ano de 2020, estima-se que 1.7MB de informação serão criados a cada segundo, por pessoa, no mundo”.
A verdade é que estamos vivendo uma revolução no setor de dados. O que impulsiona essa revolução, além da abundância de dados disponíveis atualmente, são as tecnologias fundamentais que alteram a forma com que coletamos, armazenamos, analisamos e transformamos as informações.
Se olharmos de uma perspectiva mundial, as estatísticas ficam realmente interessantes, observe:
O IDC estimou que em 2020, as transações comerciais na internet, que incluem B2B and B2C alcançariam US$ 450 bilhões por dia.
A Walmart atende mais de 1 milhão de transações de clientes por hora, e elas são importadas a vários bancos de dados que contêm mais de 2.5 Petabytes de informação.
No distante ano de 2008, a Google processava 20 Petabytes (20,000Tb) de dados por dia.
AT&T tem um banco de dados que com 312 Tb de tamanho, incluindo gravações de 1.9 trilhões de ligações telefônicas.
Há 30 bilhões de peças de conteúdo compartilhado no Facebook mensalmente com 2,85 bilhões de usuários.
Mais de 100 horas de conteúdo de vídeo são carregadas à YouTube a cada minuto.
No ano de 2013, segundo Chris Flores, diretor de comunicação para o Grupo Windows da Microsoft, foram criados 500 bilhões de documentos no Office!
Segundo Gil Press (Forbes), de 2010 a 2020, a quantidade de dados criados, capturados, copiados e consumidos no mundo aumentou de 1,2 trilhão de gigabytes para 59 trilhões de gigabytes, um crescimento de quase 5.000%.
Segundo a International Data Corporation IDC a taxa composta de crescimento anual (CAGR) de cinco anos até 2024 dos dados criados, capturados, copiados e consumidos no mundo; a quantidade de dados criados nos próximos três anos será maior do que os dados criados nos últimos 30 anos. E não apenas isso. Em 2024, os dados de entretenimento representarão 40% do Global DataSphere e a produtividade / dados incorporados serão 29%, parcialmente paralisados pela dinâmica do COVID-19.
Ainda nesta esteira temos a produção massiva de dados por pessoas e empresas por meio de redes móveis e nuvens, quer por trabalho, quer diversão gerando uma massa imensa de dados e informações que compõem ora lixo, ora informação relevante que precisa ser distinguida e usada. O universo de produção de dados audiovisuais com fins de recreação, segurança ou trabalho é uma realidade que aumenta de forma absurda os dados de pessoas e organizações.
Em 2021 já tínhamos mais de 2.29 bilhões de usuários no YouTube que a cada minuto, sobem 500 horas de vídeo distribuídos por cerca de 1 bilhão de canais.
O Instagram possui 1,22 bilhões de usuários ativos
A presença em redes sociais e perfis digitais acumulam inúmeros dados e é comum empresas e instituições também possuírem tais perfis e não terem o devido cuidado com os mesmos. Lembrando que representam partem substancial do que seja sua Memória Institucional.
Mas a pergunta que todos nos fazemos é: em que ritmo e velocidade produzimos documentos hoje? E ainda: precisaremos deles por quanto tempo?
E ao precisar, encontraremos?
E se, em formato digital, conseguiremos abri-lo?
Sabemos que os dados estão aumentando, mas será que sabemos o que realmente isto significa para nossos negócios? Segundo a Fathom Consultoria, dados pobres custam aos negócios 20-35% da sua renda operacional, com dados ruins custando aos negócios americanos US$ 600 bilhões anualmente.
Em estudo recente patrocinado pela Xerox Corporation, chegou-se a conclusão que:
90% das organizações não têm controle sobre os valores gastos anualmente sobre a produção de processos/tarefas que envolvem documentos;
82% das organizações acreditam que os documentos são essenciais para o sucesso das operações organizacionais;
70% dos executivos afirmam que uma Gestão Documental ineficiente, torna a organização mais lenta, e;
45% do tempo dos executivos é utilizado com documentos (produção, acesso, recuperação, uso, etc.)
Se você está envolvido nas operações de TI na sua organização, pergunte-se:
Estamos coletando e armazenando os dados corretamente?
Usamos os dados coletados para melhor gerenciar nossos negócios ou dos nossos clientes?
Qual nossa confiança em tomar decisões baseadas nestes dados?
O que fazem nossos competidores? Lançaram campanhas direcionadas à nossa base de clientes?
E por último, mas não menos importante: se vamos conseguir uma vantagem competitiva sobre nossa concorrência e ofertar uma experiência única aos nossos clientes, será que os dados que temos e produzimos nos ajudam neste propósito?
E, se você é produtor-usuário de dados e informações pergunte-se:
Para quê serve a Gestão Documental numa empresa?
Existe Gestão Documental na nossa empresa?
A quem cabe a responsabilidade da Gestão Documental?
Como estabelecer políticas de Gestão Documental?
Quais são os seus benefícios e retorno?
Como definir prazos e locais para guardar informações?
Como filtrar, hierarquizar e localizar informações relevantes?
Como estabelecer critérios para segurança, sigilo e acesso às informações?
Ferramentas e tecnologia resolverão meus problemas de Gestão de Documental?
Como identificar o que de fato preciso?
Como multiplicar conhecimento a partir de dados e informações nos documentos que produzimos?
Apesar da importância e volume representada pela informação digital ou mesmo mantida em ambientes físicos, existe um amplo desconhecimento do que uma Tabela de Temporalidade Documental (TTD) e um Código de Classificação dos Documentos (CCD) podem fazer por uma documentação a ser gerida. O que acaba acarretando um aumento nos custos operacionais das empresas, afinal despende-se em recursos (humanos, tecnológicos e em espaços) tanto físicos quanto digitais. Guardando documentos além do tempo necessário e perdendo documentos importantes para a tomada de decisões estratégicas. Independente de se possuir ferramentas tecnológicas ou não.
Indo além: acabam ocupando espaços caros com o que, às vezes, não importa e perdendo aqueles que são verdadeiros tesouros de Patrimônio Cultural/Documental, que servem ao fortalecimento da Cultura, Identidade e Memória Institucional.
Gestores que ignoram a Gestão Documental como parte essencial dos processos organizacionais incorrem no erro básico de ingerência. Subaproveitam valor contido nas informações presentes nos documentos sob sua responsabilidade. Cuidar de informações significa cuidar de TODOS os seus suportes (sejam eles físicos ou digitais) e com toda a complexidade que cada um deles representa do ponto de vista de guarda, sigilo e acesso.
A ER Consultoria possui metodologia própria, conhecimentos testados e experiência prática para a aplicação da Gestão Documental e Memória Institucional em empresas de diferentes segmentos e suas áreas de atuação.
A Gestão da Informação como Transparência à Administração Pública tem sido um tema aliciante e em voga em muitos países do mundo e não poderia ser diferente em nosso próprio continente.
Uma experiência agradabilíssima e que serviu para demonstrar que o tema de fato tem movimentado diferentes países e políticas publicas com alcances e abrangências diversas.
Daí a riqueza e importância de um evento como este.
Com representantes ibero-americanos, o Seminário Internacional teve como principal objetivo trocar experiências entre profissionais empenhados, nos seus respectivos países, no tratamento da informação com a finalidade de garantir acesso e preservação à mesma. Além disso, e num trabalho intimamente relacionado está o fortalecimento da Memória Institucional.
No universo institucional, muitos confundem soluções de ECM/GED como sendo Gestão Documental, o que gera uma série de problemas. Gestão Documental possui um universo muito mais abrangente do que a mera definição de uma solução tecnológica!
Foi exatamente em torno desta que fiz minha exposição.
O Seminário foi profícuo neste sentido e mostrou como diferentes profissionais, em seus âmbitos de atuação, vêm cuidando, tratando e normatizando princípios em relação à Gestão Documental.
Além disso, buscou apresentar diferentes modelos aplicáveis à Gestão Documental e como os mesmos se relacionam com políticas com vistas ao Governo Aberto.
Com uma intensa agenda de dois dias inteiros mostrou de forma bastante consistente o que os países Ibero-americanos vêm realizando no âmbito da Gestão da Informação e o acesso. São políticas diversas, que adequam-se à universos diversos, mas ao mesmo tempo demonstram como uma grande gama de princípios norteadores pautam trabalhos e iniciativas, e em boa parte das vezes com muito bons resultados.
Como forma de demonstrar isso, apresento a página com a Programação Geral do evento, que você pode acessar clicando aqui, onde terá informações sobre o objetivo do evento e maiores informações sobre a instituição acolhedora: IFAI (Instituto Federal de Acceso a la Información y Protección de Datos – México)
Para que o evento possa ser apreciado em sua totalidade, ao mesmo tempo mostrando o alcance das conferências e mesas, a seguir disponibilizo o link de cada uma das exposições. Considero que isso agregará muito valor e interesse à diferentes profissionais na área de Informação.
Clicando aqui você poderá acessar a programação do evento e as versões estenográficas de cada uma das apresentações, inclusive a minha.
Além disso, disponibilizo o post que foi base para uma das minhas apresentações, intitulada “Gestão Documental: transparência e racionalidade às Administrações“, clicando aqui.
Conto que seja de grande proveito a todos e que possa servir de inspiração para iniciativas locais regionais e nacionais, já que vem sendo perseguido pelos diferentes países convidados.
Uma grande dúvida que surge para todos é o que é afinal Gestão Documental (GD) e como esta se relaciona com transparência e racionalidade administrativa.
Como é uma área abrangente, considero importante esclarecer a mesma, a forma que é vista e em qual perspectiva atuo.
Duas coisas importantes em relação a Gestão Documental:
Gestão Documental não pode ser confundida com ECM/GED – esta é apenas uma ferramenta dentro de todo o universo que representa a Gestão Documental. É um conjunto de tecnologias utilizadas para organização da informação não-estruturada de um órgão ou entidade, que pode ser dividido nas seguintes funcionalidades: captura, gerenciamento, armazenamento e distribuição.Entende-se por informação não-estruturada aquela que não está armazenada em banco de dados, tal como mensagem de correio eletrônico, arquivo de texto, imagem ou som, planilhas, etc.
O GED engloba tecnologias de digitalização, automação de fluxos de trabalho (workflow), processamento de formulários, indexação, gestão de documentos, repositórios, entre outras.ECM (Enterprise Content Management) são as estratégias, métodos e ferramentas utilizadas para capturar, gerenciar, armazenar, preservar e oferecer conteúdo e documentos relacionados com processos organizacionais.
Gestão Documental envolve a elaboração de normas e procedimentos que permitam a guarda de documentos em seus diferentes suportes (papel, micrográfico, digital) de acordo com seus prazos estabelecidos pela legislação vigente.Compreendida por todas as etapas e procedimentos técnicos que envolvem desde a elaboração, trâmite, guarda ou eliminação de documentos até as rotinas que visem sua preservação e conservação com o objetivo de fornecer as informações que estes possuam tanto como elemento de prova, como para a produção de conhecimento, inovação, e o fortalecimento de Identidades calcadas em Memórias Sociais, Culturais ou Institucionais. Neste último caso, aí sim temos o que se chama Preservação de Patrimônio Documental ou para outros Institucional (numa acepção mais ampla).
Daí que a Gestão Documental é essencial no planejamento de qualquer empresa, porte e ramo de atividade para não manter documentos sem necessidade, por prazos inferiores ou superiores às suas necessidades, além de trazer contribuição para maior racionalidade de recursos humanos, tecnológicos e financeiros e maior transparência administrativa em setores públicos e/ou privados.
“Art. 3º – Considera-se gestão de documentos o conjunto de procedimentos e operações técnicas referentes à sua produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento em fase corrente e intermediária, visando a sua eliminação ou recolhimento para guarda permanente”.
Como forma de mostrar sua importância nas instituições e com especial atenção nos setores públicos, deixo esta apresentação. Nela procuro mostrar sua importância, objetivos e alcance.
A Gestão Documental sob minha ótica e de vários outros profissionais atuantes é sistêmica e um meio eficaz para exercitar a interdisciplinaridade, já que a comunicação entre diferentes áreas é fundamental numa perspectiva desta monta.
As discussões entre Gestão Documental e utilização de ferramentas tecnológicas, bem como estratégias híbridas com vistas à preservação e conservação documental seguem em outros posts linkados abaixo.
Como podemos ajudar?
Na ER Consultoria possuímos metodologia própria, conhecimentos testados e experiência prática para auxiliá-lo na melhor configuração de um Projeto de Gestão Documental.
Gosto sempre de incentivar as pessoas interdisciplinarmente. Não creio num mundo compartimentado, creio num mundo que integre vários modos de pensar!
É este novo mundo que se descortina para nós. Buscar conexões possíveis entre áreas e manter o espírito aberto para dialogar é o que nos deve manter.
Sempre digo que nesta seara falo não como uma especialista, mas antes de tudo, como uma observadora.
Em teoria as pessoas “decoram” tudo corretamente.
Mas me aflige o caldo de confusões que muitos cometem “tentando”. Também me aflige a confusão que muitos fazem de gestão de conhecimento com ferramentas tecnológicas.
Este talvez seja o mais crasso de todos.
Não se lida com intangíveis com um pensamento que vem de forma binária.
Eu própria tenho minhas reservas até mesmo em relação ao termo “Gestão do Conhecimento”, e considero que em geral somos capazes de fato de gerir informação. Não há como gerir o que seja alheio ao indivíduo. Acho que prefiro a expressão “Gestão de Informação para a produção de Conhecimento”.
Eu sei, eu sei que este termo não existe nos meios corporativos e que em uso é o Gestão de Conhecimento. Mas abstraindo-me de tudo isso, lanço a discussão por crer que toca a todos os que lidam com informação sem distinção, direta ou perpendicularmente.
Sou uma humanista. Apenas e tão somente… por isto, tantos temas e inquietações. A possibilidade de aprender com outros e dividir prismas é o meu objetivo. E num tema como este não poderia ter outro olhar.
Percebo como necessária esta forma de ver e conceber empresas que estão aprendendo a gerir seu capital intelectual. Isso é bastante significativo quando pensamos que cada vez mais lidamos com massas de informações que podem ou não gerar conhecimento e inovação e que em boa parte dos casos podem estar retidas também em formas de experiências profissionais de cada um.
Gosto sempre de frisar isso, pois na minha concepção o Conhecimento não é algo que preexiste em algum lugar e simplesmente o tomamos. Considero-o como o produto de uma ação consciente e pontual em transformar informação em algo mais. É uma ação consciente que parte de um indivíduo e de seu repertório. Repertório este alimentado por toda a gama de experiências que possa ter.
Como forma de esclarecer isto, sugiro a observação atenta da apresentação abaixo:
Tomando-se esta perspectiva não acredito que atores extrínsecos ao indivíduo possam gerir aquilo que é de sua absoluta competência. Por isso, não gosto da expressão Gestão de Conhecimento. Como dito acima, podemos sim ter agentes facilitadores para que a Informação circule e gere novas possibilidades de produção de conhecimento, criação e inovação.
Por outro lado, o professor W. Jones, da University of Washington, USA alega que a definição deste profissional é uma tarefa difícil. Ele indica isso fortemente em um artigo recente (e que você pode ler a seguir), de nome: “Nenhum conhecimento existe sem uma informação” (http://firstmonday.org/ojs/index.php/fm/article/view/3062/2600)
Por isso, a importância não apenas de produzir informações, mas essencialmente de distribuir criativamente o que se tem e manter uma inquietação necessária aos constantes acréscimos.
Questões sobre como oferecer o ambiente propicio para que tal ciclo virtuoso ocorra é um dos desafios das instituições. Não basta ter planos, estratégias, metas bem traçadas e delineadas, índices de performance (KPI) se no seu corpo faltarem profissionais com tal espírito compartilhador e interdisciplinar. Sob esta ótica, é preciso não de “tarefeiros”, meros executores, cumpridores de metas e afins, mas antes de tudo são necessárias pessoas com a capacidade de engendrar e compartilhar… com espírito colaborativo e motivador da criatividade e Inteligência própria e alheias.
Usualmente os gestores de conhecimento vêm de disciplinas variadas. Dependendo muito da cultura organizacional são engenheiros ou administradores e, recentemente, até gestores de TI que são chamados para ocupar e exercer esta função. Mas nada impede que sejamos cria de outras disciplinas, às vezes isto até ajuda.
A função do Gestor de Conhecimento vai muito além da disponibilização de informação, do mapeamento e catalogação. Necessariamente vai além de ferramentas tecnológicas ou processos desenhados desta ou daquela forma com receitas prévias.
Essas são funções que preexistem e fazem parte das rotinas institucionais, mas não encerra suas funções. O olhar do Gestor de Conhecimento sob esse aspecto deveria ser muito mais holístico e abrangente do que tais funções.
Não creio em receitas prontas, e muito menos daquelas que seguem em listas com os 10 pontos…os 6 ou os 5 pontos… Isso não existe!
Acho que o primeiro passo efetivo a ser dado é reconhecer que as receitas não servem à pessoas! São eficientes na culinária! E dependendo de quem as faz ainda podem dar errado só com perdas de ingredientes. A metáfora aqui é excelente: já que uma empresa pode ter ali todos os ingredientes que resultarão em algo muito bom, mas se o profissional responsável em conduzir o processo não tem esse cabedal, tudo se perde.
Acredito sim, que pessoas com o perfil citado acima, e que tenham um bom repertório intelectual, metodológico, amplamente experienciado em suas vivências profissionais terão maiores chances de êxito, apenas e tão somente isso.
Imponderáveis poderão ocorrer quando o mesmo indivíduo estiver submetido à diferentes grupos de indivíduos e/ou instituições. O mesmo profissional terá resultados diversos de acordo com o ambiente e a cultura organizacional em que estiver inserido.
Creio sim em lapidação! E esta, precisa e deve, ser feita. Reside aqui uma característica importantíssima: o candidato a Gestor de Conhecimento deve ter antes de tudo essa humildade de entender que sempre estará aprendendo e assimilando coisas. Nunca poderá ter a atitude presunçosa de achar que sabe o suficiente e que seu papel seja só ensinar. Será um eterno aprendiz… e aceitará isso.
De novo insisto que a questão da interdisciplinaridade me seduz e não consigo pensar em trabalho que não seja assim, em especial quando envolve um grupo. Gosto dos grupos e das possibilidades advindas por múltiplos olhares. Em minha experiência, vejo a necessidade de muita flexibilidade, é um esforço pessoal, mas sinto-me recompensada. Preciso lidar com pessoas de diferentes áreas e formações para que juntos possamos construir na instituição as normas, procedimentos e ações em torno da Gestão da Informação.
No desempenho desta atividade, noto que o grande hiato entre diferentes áreas é a segmentação e, destarte, a dificuldade de interlocução. As pessoas costumam estar sempre muito voltadas para o seu “centro” e desperdiçam oportunidades de ver o que está ao seu redor, ou mesmo mais além.
Creio que neste ponto a metáfora que se adequa é a do fazedor de pontes… Não devem haver muros e divisões e acho salutar que as fronteiras sejam movediças e todos troquem suas fontes e aprendam com a flexibilidade.
Essa é uma característica muito importante a ser desenvolvida.
Dito isto, e retomando a nossa questão inicial de: qual é o perfil desse profissional Gestor de Conhecimento, segundo a minha perspectiva?
Vejamos:
Tal profissional deve se capaz de aceitar respostas diferentes para as mesmas perguntas.
Dever ser do tipo que não descarta, a priori, como erradas respostas que apenas sejam diferentes das suas. Em muitos casos, não há certo ou errado: há apenas o diferente!
Deve saber liderar equipes trans e multidisciplinares, ter sempre uma atitude de facilitador para que trocas e aprendizagens se façam. Deve ter uma atuação de empatia e acesso ao outro: só assim o valor de subsidiar esclarecimento de dúvidas, estímulo à interação e o compartilhamento se efetivarão.
Precisa ser um profissional com livre trânsito e acesso à Geração Y e conhecer de perto a matéria-prima e DNA de que sua instituição é feita. É preciso ser alguém que não apenas conheça, mas que faça circular atributos da cultura organizacional: valorizando-a e aprimorando-a tanto quanto possível a partir da experiência de todos.
Dever ter espírito curioso e interessado: ser humilde e reconhecer que aprende sempre e todos os dias. E mais do que isso: ser generoso em partilhar e distribuir o que sabe!
Deve ter profundo interesse pelo aprimoramento e aprendizagem não apenas de si próprio, mas de todos os que lhe cercam, tirando de cada oportunidade e pessoa o seu melhor.
De todas essas características, ser bom ouvinte é dos exercícios que o Gestor de Conhecimento deve procurar melhor desenvolver. Dar-lhe-á o sentido do respeito à experiência do outro.
Por trabalhar com Projetos de Memória Institucional é usual recorrermos à metodologia de coleta de depoimentos e isso nos dá sensibilidade e proximidade com a construção de outros saberes e outras perspectivas que informam o presente e engendram outros caminhos e possibilidades. Mas isso é assunto para um post inteiro…
Como podemos ajudar?
Na ER Consultoria possuímos metodologia própria, conhecimentos testados e experiência prática para auxiliá-lo na melhor configuração de um Projeto de Gestão de Informação com vistas à Gestão de Conhecimento.
Apoiamos a utilização da Informação como base para gerar Conhecimento e Inovação nas empresas. Defendemos que a Memória Institucional possui um papel vital na valorização do Capital Intelectual, ajudando a consolidar a Identidade e a Imagem Organizacional. Além disso, ela deve ser vista como mais uma ferramenta de Gestão Estratégica que fortalece a Cultura Organizacional e promove a prática da Responsabilidade Histórica nas instituições.