Arquivo da categoria: Autoconhecimento

Afinal, quem você pensa que é?

Por: Eliana Rezende Bethancourt

Em tempos de egos tão inflados as pessoas parecem se esquecer qual o espaço que, de fato, ocupam no universo. Talvez seja uma boa ideia parar… pensar… redimensionar!

Proponho um pequeno exercício de reflexão com apoio de alguma pirotecnia visual. 

Confira a animação:

A escala do universo e você

A animação parece tão simples; afinal é só olhar nosso tamanho no universo.

Ela faz por nós algo que é muito caro à arquitetura e engenharia, põe numa perspectiva e escala adequada o que somos em qualquer lugar que estejamos e qual é o nosso ínfimo lugar nesse macrocosmo infinito.

Do ponto de vista de uma animação a hierarquia facilita o redimensionamento de tudo.
As dificuldades começam a surgir quando saímos dela e olhamos ao nosso redor, o nosso mundo real.
Se formos ao mundo corporativo poderemos constatar então, que a arrogância e prepotência de determinados cargos criam opacidade na forma e nos valores como cada um se vê e olha o outro.

É mesmo um longo aprendizado lidar com a vaidade.
De fato, em áreas onde a técnica e arte podem se misturar e até confundir o encontro de egos e ruídos de vaidade tendem a aumentar. Talvez por isso mesmo devêssemos voltar, olhar para a nossa verdadeira dimensão e reconsiderarmos o que pensamos de nós e dos outros. 

Pessoalmente, gostei muito da animação.
A considerei instigante e que contribui muito para fazermos um redimensionamento sincero do que somos neste universo infinito, sem a arrogância, às vezes, tão presente em cargos e funções ocupados nos universos corporativos. 

Se servir a isso, foi excelente!
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A casa que habito

Por: Eliana Rezende Bethancourt

Por muitos anos, e para alguns, o empreendimento de uma vida é ter um lugar físico que possa chamar de seu: é aquele pedaço de chão, aquele conjunto de blocos, pedras, concreto e cores, que juntos configuram o espaço denominado de: “casa”.

Mas, caminhando pela vida e pela existência, percebo que há moradas que fazem muito mais sentido e que nos dão o sentido exato deste “habitar”.
A “casa” toma assim um sentido figurado e pode ser metáfora do espirito que temos e carregamos como nosso.

O espirito que nos habita possui todas as características que são fundamentais para manter nossa existência.
Se bem fundado é forte: suporta intempéries, dificuldades, desastres, catástrofes, imprevistos.
É lugar de quietude quando tudo à volta parece vociferar e bradar.
É ponto de luz quando tudo parece sucumbir à escuridão e penumbra.
É lugar de paz quando tudo parece uma interminável batalha.

Mas afinal, muitos não se apercebem que este lugar tão precioso necessita ser cuidado.
O espaço onde nosso espírito habita é um empréstimo da existência. Apenas temos que zelar por ele. E ao partirmos, o entregamos: muito provavelmente do modo como vivemos, em boas ou más condições de acordo como escolhemos viver.
Assim, se bem administrada, a casa que habitamos vai se transformando em fortaleza e lugar de resistência. Lá o espírito crescerá, se fortificará, entenderá e completará aquela que é a sua missão.

A casa que habito já possui mais que meio século e nela me refugio quando tudo o que lhe é externo lhe contradiz, desrespeita, vocifera. Mas suas janelas se abrem e deixam entrar aqueles que a conseguem iluminar porque trazem com sua presença luz o calor que colore dias e que são capazes de acalentar mesmo em meio à tempestades.

Os anos passados trazem isso de bom: um sentido de permanência e imanência do que verdadeiramente importa e a compreensão de que o que verdadeiramente conta é o que está dentro. Lá não precisa que se acumulem bens extravagantes e materiais. Será lugar de conforto para quem deseja expansão da alma e alargamento do espírito.

A casa que habito está no dia de hoje em contemplação: comemora mais um ciclo de 365 dias de abrigo numa jornada de muitos dias e outros ciclos. Tem sido um lugar onde minha alma atraca e encontra segurança e paz. É ponto de pouso onde meu espírito se alarga.

Comemora comigo?

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* Post atualizado de texto publicado originalmente no meu Blog, o Pensados a Tinta

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Contradições Natalinas

Por: Eliana Rezende Bethancourt

A humanidade é mesmo um mosaico de contradições que se manifestam sob vários aspectos.
Saio quase como que uma sobrevivente da que considero uma das maiores contradições ocidentais: o Natal!
O tempo tem passado e meu desconforto com esta data é inversamente proporcional a publicidade em seu entorno.
Não sei se pelo calor, congestionamentos, consumismo desenfreado, excessos de gestos, embriaguez, gulas e outras sandices guardo desta época profundo mal estar e péssimo humor.

Lia outro dia como o Natal é de fato, o maior exemplo de como se descumprir em apenas um dia um rosário de boas regras e condutas cristãs.

Vejamos:

Segundo o professor do Instituto de Psicologia da USP Cristian Dunker, que argumenta que o Natal vinculado ao consumo nega ponto a ponto os valores originários do cristianismo. Para os que não sabem quais são ou nem se lembra deles aí vão:

“o altruísmo, e não a cobiça com os presentes; a sobriedade, e não a ostentação de árvores, luzes e enfeites; a felicidade imaterial gerada pelo amor como renúncia, e não o prazer material; e a comunidade de iguais e fraternos diante do Senhor, e não o individualismo e a concorrência entre diferentes modalidades, mais ricas ou mais pobres de convivialidade

De minha parte vou ainda mais longe e explico as razões do meu mau humor com a data:

Andando pelas ruas, tanto nas vésperas como no próprio dia do evento, só o que vejo são pessoas vivendo seus excessos das formas mais primitivas: egocentrismo acentuado onde tudo o que é seu precisa ser o primeiro, o mais importante – as pessoas se acotovelam, espremem-se em estacionamentos, vias marginais, vagas… querem sempre o primeiro lugar, o melhor, e simplesmente estão dispostas a qualquer coisa para obter isso: buzinar, xingar, praguejar são a regra.

As pessoas em geral, estão sempre bêbadas ou inconvenientemente ‘altas’. Trafegam com garrafas e latas de cerveja como se fossem um troféu por seu ‘merecimento’ à suposta felicidade que tais drogas fornecem. Licitas ou ilícitas estão por todas as partes e lugares. Enfeitam selfies e são a medida usada para o quanto se está feliz e/ou se divertindo. Mas será mesmo que há tanta felicidade atrás de sorrisos plastificados  e engessados para exibir um selfie?
Teríamos de fato tantos e tão grandes motivos a festejar ensandecidamente? Não bastaria o sentido normal que simplesmente estar agradecido bastariam?

Estas mesmas pessoas nos invadem com seus gestos exacerbados, carros com alto volume, gritarias, fogos de artifício (o que me causa o maior dos estranhamentos, pois afinal, o que isso tem mesmo que ver mesmo com Natal?!), ligações de celular e WhatsApp onde todos, mesmo sem querer, acabam ouvindo tudo o que é dito deste e daquele outro lado. O comum é ouvirmos mensagens gravadas de todos os que estão à volta, e não bastasse isso podemos ouvir em tempo real e a plenos pulmões as respostas…
Que saudades da civilidade que o celular nos tirou!!!

Por seu turno, pais e filhos nos oferecem o espetáculo dos subornos natalinos: presentes e mimos são oferecidos em troca de suposto ‘bom comportamento’ e ‘merecimento’. É comum assistirmos crianças aos berros gritando que querem isso ou aquilo, mas que ao término do primeiro dia estão entediados com a maioria dos brinquedos que ganharam, e os encontramos em geral jogados e quebrados num canto qualquer. 

Saindo das ruas e indo para a intimidade as coisas não melhoraram muito. Se as reuniões estão ruins no início, ficam a beira no insustentável quando a noite avançou, a bebida aumentou e a comida esfriou: o assunto acaba, as alfinetadas começam e o tédio se instala.
Em geral, são aquelas reuniões onde seres que estão apartados há anos se encontram e precisam assim permanecer até que toda a comida ou bebida acabe. Não preciso terminar o roteiro: todos sabem onde ele vai dar. E não é novidade para ninguém como estas noites terminam.
As coisas podem ficar ainda pior, se o dia seguinte continuar a requentar conversas ao mesmo tempo em que se consume o que restou da noite anterior.

Mas ainda não fomos para aquele que substitui o aniversariante em protagonismo:
O pobre infeliz do Papai Noel tropical. Além de vestido com aquele pijama vermelho horroroso tem que aguentar toucas e botas que imitam peles…. num pais onde temos temperaturas, a esta altura, de quase 40 graus! Sem contar os que ainda precisam aguentar perucas, barbas falsas, e enchimentos para a barriga.

E ainda não é o fim do poço, pois há as decorações! Ah as decorações natalinas! Como conseguem reunir tudo o que há de mau gosto em motivos, cores e miniaturas?! Ficam piores quando tentam usar algodão para imitar neve ou papel picado para simular uma nevasca.
E as renas?! Como explicar o que é uma rena???? Aí temos a descontextualização somada ao mau gosto… simplesmente não aguento… 

Mas ainda há as músicas e jingles. Alguém é capaz de circular por um shopping e pelas ruas sem enlouquecer?!
É demais para mim….
Muito além do que sou capaz de suportar.

E o “amigo secreto”?!
Como esquecer?
Quem pode suportar tamanho desconforto?

Em casa, no trabalho, com amigos de clube ou esquina, a brincadeira atordoa pela inconveniência  e por revelar como se pode entrar em choque de uma só vez consumo, desinformação e empatia. Ninguém por mais tempo que permaneça com outro sabe adequar informações que possui sobre este ser que lhe coube num papelzinho com a devida empatia, sem destinar-lhe o vexame de receber aquilo que nada tem que ver com ele e ainda ter que agradecer!

Alguns dirão: “mas é voluntário, você entra porque quer”. Mas experimente tentar se esquivar e logo verá que a ‘opção’ não é tão democrática assim.
Atire a primeira pedra quem nunca sentiu vergonha alheia e constrangimento nestas horas. Anos se sucedem, e parece que os grupos não aprendem nada sobre seus ‘amigos’… 

O pior é que este tormento, em função do consumismo, tem chegado cada vez mais cedo e os temos de enfrentar já no final do mês de Outubro!

E como não poderia deixar de ser temos a ampla gama das pessoas: totalmente alienadas acham que o feriado é a desculpa perfeita para beber até cair e comer até vomitar! É um espetáculo tosco, pois mostra o quanto ainda a barbárie orbita os humanos e o quanto estamos próximos de instintos tão primitivos.

E aí o pobre Jesus nem é mencionado em lugar algum: não está nas rodas de conversa, não é lembrado ou citado em nada. Valores que deveriam ser relacionados à data passam longe de ser praticados.As pessoas avançam sobre a orgia de comidas e nem se lembram de que seria um bom momento agradecer, fazer uma prece. O alimento está ali apenas para a satisfação dos sentidos mais carnais. Passam longe de um sentido de conexão com o sagrado. Uma mesa posta em meio à uma selva teria a mesma reverência de leões e leopardos.

Fico imaginando que, se pudéssemos fazer uma nuvem de tags dos dias que antecedem o Natal e o próprio feriado teríamos como palavras principais e pela ordem as seguintes: cerveja, churrasco, peru, pernil, carne, panetone, presente, amigo secreto…. Jesus, amor, fé, compaixão, etc, etc… não apareceriam na lista.

Se duvidar, faça você mesmo as tags do seu feriado…  
Mas como para tudo o que é geral, existe as exceções, espero que você esteja entre aquela minoria que de fato tem nesta ocasião um bom motivo de estar em família, e usufruir este convívio de forma equilibrada, em sintonia de amor, paz, alegria e compaixão. Se assim for, é um grande felizardo: parabéns por integrar grupo tão seleto!

Aos demais só desejo que não meçam a felicidade desta data pela quantidade de álcool que consumiram ou pelo tamanho da fatura a ser paga em janeiro do cartão de crédito. Os dois casos só dão dor de cabeça e colaboram imensamente para o enriquecimento da indústria farmacêutica!

De minha parte, o conto de Natal que quereria ver era o que libertasse todos de suas algemas de supostas felicidades natalinas:

  • ninguém teria que dar ou receber presentes que não quisesse; 
  • ninguém teria que assistir espetáculos inconvenientes patrocinados por taxas alcoólicas beirando ao coma; 
  • aquele Papai Noel fake totalmente liberto daquele pijama vermelho, com seus gorros e toucas; 
  • que a comida fosse farta em mesas bem arrumadas o ano inteiro;
  • que encontrar toda a família e tirar disso prazer fosse a regra do ano inteiro e não um dia específico;
  • que brinquedos nunca fossem usados como moeda de troca e suborno por bom comportamento, ou uma forma velada de suprir culpas e abandonos;

Natal Pós Pandemia COVID19

Impossível não falar sobre o que tem sido o Natal pós-pandemia. Afinal, transcorridos quase dois anos após o princípio do distanciamento social, o ano de 2021 agregou outras experiências as já difíceis e inconciliáveis das reuniões familiares:

Mais de 600.000 pessoas não se sentaram à mesa para a ceia ou Ano Novo.

Mas ainda podemos encontrar coisas piores nos balanços pós-pandemia:
Foi hora de conhecermos os negacionistas e antivax de plantão, muitos deles partes de nossa família mais imediata.

O negacionismo expresso, que muitas vezes, chega a parecer ridículo e absurdo é uma realidade em muitos lares. Chegam-nos da forma mais tosca possível:
– há os que não se vacinam por considerar que um chip chinês o rastreará;
– ainda há os que afirmam que existe uma conspiração comunista que se alastra pelo mundo e cabe à patriotas refreá-la;
– há os que tomam a vacina, mas continuam tomando medicamentos ineficazes que servem apenas para sarna e vermes.
– descobrimos que estávamos cercados de fascistas e agora é impossível olhá-los como antes.

Talvez de tudo o que disse o pior e maior de todas as contrariedades que sinto é o compulsório da situação: a liberdade de simplesmente não ter que participar, ver. Somos invadidos de todos as formas e a sociedade que vivemos pratica durante todo este período a vigilância e o controle sobre nossas vontades, e até não querer resulta em alguma forma de controle ou de recriminação. A sociedade de consumo rapidamente se transforma em sociedade da vigilância e torna-se impositiva.
Cansativo…

Enfim…

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* Versão revisada e atualizada de post publicado originalmente no meu Blog, o Pensados a Tinta
** Ilustração de Steve Cutts

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Leve sua alma para passear: dê-se tempo!

Por: Eliana Rezende Bethancourt

O tempo é sempre a grande preocupação de tudo e de todos.
Sempre temos a sensação de que nos escapa por entre os dedos, e por mais que aparentemente vivamos, menos nos sobra dele.

O tempo, logo se constata, não pode ser simplesmente medido por ponteiros e horas que insistem em correr através dos dias e anos em que nossa vida parece fatiada, retalhada, esmiuçada.
Como dar aos nossos dias tempo?
Como fazer com que, de tantos minutos infinitos, tenhamos de fato vida vivida e não tempo perdido, consumido, desperdiçado?

Fico aqui pensando que o melhor que podemos fazer, aos nossos corridos dias, é dar tempo e vida às nossas existências levando nossa alma para passear.

Mas como se passeia com a alma?
Como fazer isso se muitas vezes o corpo está aprisionado em congestionamentos, transportes, baias de trabalho, ou num sem número de compromissos?!

Dar descanso e passeio a alma pode significar destinar-nos tempo para coisas simples que dão a mente a possibilidade de expandir-se.
É este espaço que nos damos que pode favorecer ao alargamento do espirito e a expansão de nossa criatividade.

Por isso, encontre o tempo que muitas vezes é expropriado de nossas vontades. Encontre-o e o distribua por pequenas doses de prazer diário.
Descubra o que para você dá prazer aos sentidos.

Liberte-se de relógios, agendas, e celulares por alguns minutos ao dia. Seja seu maior e melhor companheiro. Caminhe simplesmente olhando o que há à sua volta. Perceba pessoas, animais, plantas, movimentos coletivos de pessoas, multidões ou meros indivíduos.

Quanto maior for o espaço social em que está, maiores serão os estímulos e possibilidades, trazendo com ele o desperdício pelo excesso. .
Concentre-se!
Não mergulhe na multidão para ser só mais um. Faça isso conscientemente e perceba-se nas suas diferenças.
Aprecie um bom café sentado em um cantinho interessante ou numa esplanada com uma vista que valha à pena. Aquiete-se! Coloque-se em descanso.
Simplesmente conecte-se com você.
Ouça o som do silêncio.
Alcance o som da sua alma.

Busque atividades simples que possam lhe dar prazer e alguma dose de endorfina: passeie ou brinque com seu cachorro, nade, corra, ande de bicicleta ou a pé….perceba os seres vivos em grande e pequena escala: olhe o céu, procure estrelas, constelações, planetas, encontre as imagens que as nuvens te mostram ao passar e passear suavemente sobre o céu.
Abaixe os olhos e veja as miniaturas que habitam o seu jardim: os trajetos de formigas, os pousos de borboletas, os pássaros nas árvores, as rãs em brejos…
Encontre a beleza de vidas aquáticas e as formas diversas que lhe apresentam de se mover, comunicar… seus coloridos e sons.

Procure uma esplanada, uma janela, uma vidraça…enquadre o mundo por ela e perca-se com um café ou uma taça de vinho.
A contemplação não exige praticamente nada. Apenas seu olhar e imaginação contemplativa.
As palavras são desnecessárias e a companhia chega a ser supérflua, pois nos tirará o sentido deste mergulho interno com nossa alma.

Alimente sua mente com leitura que lhe agrade, descubra uma nova receita, um drinque feito de sabores e cores diversas, um novo percurso (ao invés de sempre seguir pelos mesmos lugares e rotas).
Surpreenda-se levando sua mente para lugares em que nunca esteve. Disponibilize-se!
Fuja de algoritmos favoritando sempre as mesmas coisas.
Ouse ousar!

Cumprimente quem cruza seu caminho. Experimente um sorriso, vez por outra, para alguém que simplesmente lhe dirija o olhar. Descubra que se sorri também com os olhos.

Todos estes gestos não demandam tempo no sentido horário. Em geral, pouquíssimos minutos podem dar-lhe uma satisfação imensa e não terá subtraído nada do que sejam suas responsabilidades. Mas terá posto vida ao seu tempo.

Em pouco tempo, se dará conta que não precisa de dias específicos para se dar tempo e passear com sua alma.
Todos os dias serão dia de dar-se tempo e alargar-se.

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* Post escrito revisto e atualizado a partir de publicação original do meu Blog, o Pensados a Tinta

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Uma sociedade de performance

Por: Eliana Rezende Bethancourt

Segundo diferentes teóricos a sociedade de princípios do século XXI deixou de ser disciplinar, como ocorria nos séculos XIX e XX e passou a ser de performance. O que significa dizer que exige-se das pessoas estar todo o tempo hiperconectadas, ser multitarefas, e estar em um estado permanente de euforia e felicidade. Substitui-se a chamada obediência pelo desempenho.
O sujeito neoliberal do desempenho é dominado pelo excesso de positividade (estímulos) em oposição à chamada negatividade.

Tudo que esteja fora disso é considerado indesejável, contraproducente.

As pessoas precisam, para serem consideradas bons profissionais, ser multitarefas. Ainda que isso signifique um grau de desatenção atroz. As pessoas quicam de um lado para o outro achando que com isso possam ter, segundo linguagem corporativa, um diferencial competitivo.

O mundo encheu-se de academias de ginástica, baias de trabalho, prédios envidraçados, vias rápidas, equipamentos eletrônicos, eletrodomésticos computadorizados. Temos cada vez mais tecnologia, em teoria, para que tenhamos mais tempo. Mas, mais tempo para quê?

O que fazemos cada vez mais com o tempo que nos é ‘pretensamente economizado’?

O tempo encurta e, em verdade, as pessoas estão sempre cansadas, carregadas de afazeres e atividades. Onde foi que colocamos nossas prioridades?!

Estranhamente ao invés de, tanta hiperatividade e desempenho gerar coisas novas, encontramos em geral, a repetição incessante do igual. Cada vez mais temos mais do mesmo!

Até mesmo os vocabulários corporativos giram em torno das palavras de sempre: motivação, resiliência, eficiência, competitividade, iniciativa, diferencial, sair de zonas de conforto, etc…etc…etc…uma quantidade sem fim de termos usados à exaustão pelos chamados “mentores”, “coaches” e os que se autodenominam como “iniciadores” deste caminho de sucesso individual. Surge um mercado ávido e muitas vezes, baseados na má fé de uns sobre a boa de fé de outros.

Em verdade, a desatenção, hiperatividade e hiperconexão servem de sombra para ampliar horizontes e descobertas que só podem ser alcançadas a partir do sossego da mente e a capacidade de observação e quietude do espírito. Daí que o que acaba contando são comportamentos que podem ser cifrados e contabilizados por dígitos. Valores essenciais deixam de ser cultivados e apreciados tanto individualmente quanto institucionalmente.
É só olhar no mundo corporativo: as cifras, as metas, os índices, os infográficos e os KPIs. Olhe nas academias, nos esportes, nas escolas, nos veículos perfilados lado a lado quando um farol se abre, nas filas em geral. Em todos os casos, se busca a prioridade, ser o primeiro, o mais rápido, o melhor.

De seres humanos temos paulatinamente nos transformado em “máquinas de desempenho” que estão todo o tempo medindo e sendo medidos a partir das cifras que conseguimos produzir.

Afinal, quem tem tempo para a observação? Para simplesmente aquietar-se? Ouvir-se? Ouvir?

Não bastasse tudo, o inicio do século XXI também nos trouxe o Home Office em meio a uma Pandemia! De repente, aquilo que já nos consumia e atormentava encontrou meios de piorar um pouco mais.
A casa e ambientes residenciais tiveram que se adaptar as rotinas de trabalho, e em muitos casos o sentido de adaptação veio em seu pleno sentido! Reuniões online e atividades domesticas sofrendo enquadramentos diversos e seus proprietários buscando formas de encontrar um meio de equilibrar tudo. Não faltaram os que começaram a considerar que na receita toda estava faltando espaço e boa dose de saúde mental.

Somado à tudo, as tecnologias que poderiam ser as libertadoras de tempo e espaço em nossas vidas tornaram-se durante todo o período pandêmico ferramentas potentes de controle e expropriação. Reuniões sequenciais, muitas vezes mais que uma em um mesmo horário. Por meio de plataformas digitais, diferentes profissionais, conheceram o que seja o “não-lugar” e levaram à máxima de otimização do tempo às ultimas consequências.
Zoom, Meet, e congêneres passaram a oferecer facilidade, mas sua fatura incluía a disponibilidade ampla, total e irrestrita. Manter-se conectado, atento e muitas vezes, bem humorados passou a ser a regra geral. O teletrabalho ofereceu o confronto com os “outros” e consigo próprio no espelho. Dia após dia olhar nossa face ao mesmo tempo em nossos pensamentos povoam nossas mentes passou a ser uma regra. Questões de autoimagem passaram a ser permanentes, intimidades passaram muitas vezes a ser desvendadas, espaços invadidos. As fronteiras antes físicas que demarcavam espaços de vivências e intimidades se perderam entre uma porta e outra e, de repente, o mundo entra com todas as suas cores, imagens e vozes para dentro de nossa casa.
A vista e o confronto com a própria imagem diariamente por horas a fio elevou as taxas de cirurgias de pequena correção: são pequenas rugas, bolsa nos olhos, botox, nariz, um contorno de lábios, manchas na pele, quedas de cabelo. O confronto externo leva a grandes embates e combates com camadas profundas de nosso ego. Descobrimos muitas vezes que a imagem no espelho não nos agrada. E isso gera um profundo, um grande cansaço…

Espaços comuns para pessoas que detinham apenas parte de nossa intimidade são retirados de nós, e as sociabilidades passam a sofrer mediações totalmente inusitadas até aquele momento. Eliminam-se rituais de convivência: um almoço, um café descontraído, uma caminhada com colegas. Tudo é subtraído de todos, seus locais de trabalho, salas, computadores, mesas, apertos de mão, abraços, sorrisos largos.
A busca de performance ainda presente exigia atenção, conexão, disciplina (sem demonstrar atrasos ou aparentar fadiga, desinteresse, etc). As janelas invisíveis nos colocavam nus, e ali tínhamos de permanecer até que nos fossem dadas a fala ou a autorização de saída.
O ambiente digital trazia inúmeros desafios e uma nova etiqueta social, que por vezes gerava ansiedade, desconforto, insegurança. Mas tais sentimentos não eram bem vindos nestes ambientes. Assim, buscar a melhor performance era imprescindível.

Mas ainda havia o espaço físico.

A convivência por tempos maiores com os membros imediatos das famílias trouxeram à tona problemas até então suplantados por agendas lotadas com compromissos de trabalho ou sempre com muita gente em volta. As agendas lotadas contemplavam todos: de pais aos filhos. Até as crianças possuíam em famílias mais abastadas e que foram em sua maioria contempladas com o Home Office tinham a agenda de escolas, cursos de inglês, balé, judô, natação. Não havia espaços de solicitação, pois todas as brechas de tempo eram ocupadas e os pais apenas administravam os intervalos, levando-os ao fim do dia para dormir. A pandemia e o estar em casa todos juntos e misturados trouxe para uma grande maioria um estresse imenso.
Em verdade, as pessoas lidavam pouco com o que lhes causava ansiedade ou tristeza porque não paravam para falar ou pensar sobre elas. Mas a partir do momento que o único local possível era estar em casa e próximo aos seus problemas mais secretos muitos começaram a se deprimir, com amplas dificuldades de lidar com tudo que vinha de dentro e do lado de fora o medo, o desemprego, políticas de governo insanas, mortes.
Para muitos foi simplesmente demais.

Cada vez mais e como imperativo de alta performance corpos cansados e sem ritmo são estimulados por diferentes fármacos: doping de todas as formas. Sempre foi assim: mentes entorpecidas e distantes para problemas próximos.
A indústria farmacológica sempre apostou nos mais diferentes fármacos: há para cansaço, sono, tristeza, ansiedade, inapetência. Mas com a Pandemia esta indústria aumentou ainda mais seus tentáculos e possibilidades para lutar contra algo que ainda não tinha uma clara definição. Desde sempre é papel desta indústria farmacêutica produzir de tudo para que tais corpos tenham a garantia de sua manutenção na linha produtiva e performática.
A adequação da indústria farmacêutica às demandas de performance pode ser facilmente medida pelo seu volume de produção. Tomemos como exemplo o ano do inicio da pandemia no Brasil:
O faturamento do mercado farmacêutico cresceu 13,6% de janeiro a outubro de 2020. Nesse período, o volume movimentado por esse mercado foi de R$ 113,02 bilhões, segundo dados da IQVIA, que auditora o setor farmacêutico. As vendas de suplementos, vitaminas, relaxantes e antidepressivos tiveram destaque nos primeiros dez meses do ano – e estão diretamente relacionadas ao momento vivido pela população por causa da pandemia de Covid-19.

Reproduzindo o filósofo coreano Byung-Chul Han, um dos representantes desta linha de pensamento, no seu ensaio “A Sociedade do Cansaço”:

“(…)”O cansaço da sociedade do desempenho é um cansaço a sós, que isola e divide”, conclui o autor. “Esses cansaços são violência, porque destroem toda comunidade, toda proximidade, inclusive até a própria linguagem.”(…)

O interessante e segundo o autor, somos escravizados mas não por outros. É uma demanda interna que enxergamos como sendo necessária para a nossa atuação. É uma escravidão onde temos a chave. Em suas palavras: somos prisioneiros e vigiais.
Este sentido de exploração que obedece uma demanda interna é muito eficiente já que produz a falsa sensação de “liberdade”, de “escolha” e se casa muito bem com uma concepção do que seja o neoliberalismo na vida das pessoas e o chamado espírito “empreendedor”.
Se casa muito bem também com a concepção muitas vezes equivocada de que são seus erros que causam seus fracassos, quando nem a sempre a culpa pode ser toda atribuída a si próprio. Mas é a melhor resposta a se dar ao carcereiro de sua alma.

Em resumo:

Embriaguez química e digital: excitação e atordoamento de toda uma civilização.

A incapacidade de se lidar com a dor, o sofrimento, a angústia são afastadas à todo custo, quer por drogas vendidas em farmácias, quer pelas drogas das indústrias de bebidas. O alívio é buscado como forma tanto de manter-se em todas as tarefas, ou como forma de entorpecer os sentidos e simplesmente lidar com a demandas da existência.

Para onde vamos se respostas humanas não podem mais ser dadas, sem ser tomadas como uma patologia que precisa ser imediatamente medicada?

O sentido de urgência e pressa chega também com a forma como se lida com as emoções e as muletas buscadas são de todas às ordens. A oferta é grande e pode ser de remédios à drogas, ou ao mercado da fé. Aos que não se encaixam nestas fugas possíveis há o Burnout (nome da Síndrome do Esgotamento Profissional – um distúrbio emocional que possui como sintomas principais a exaustão, o estresse e profundo esgotamento físico).

É preciso compreender que a sociedade de performance transforma a todos que não se dão conta disso em peças de engrenagem. O seu uso extenuante apenas levará a sua reposição, e na atual conjuntura há muitas esperando sua vez de ser sucateada.
É preciso ter crítica e fazer perguntas a si próprio sobre a forma como conduz sua vida e seu trabalho.

Afinal, para onde vai com tanta pressa e tão cansado?

________________
* Versão revisada e atualizada de post publicado originalmente no meu Blog, o Pensados a Tinta

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Bibliografia:
HAN, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Giachini, Enio Paulo. 2. 2017. Vozes, Petrópolis: 128

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Linkedin primeiros passos: como ter e saber usar

Por: Eliana Rezende Bethancourt

O mundo pós surgimento de pandemia apresentou enormes dificuldades em relação ao mundo do trabalho e emprego. Milhões pelo mundo perderam seus empregos e o Linkedin surge para muitos como uma espécie de janela para oportunidade. Uns, para conseguir uma recolocação, outros por força de circunstâncias ou escolhas pessoais um caminho para empreender. Entretanto, como ocorre em todos os lugares que são novos para seu usuário as dúvidas vão se avolumando, fazendo com que muitos se sintam simplesmente perdidos.

Imagino que o começo de tudo é ter claro em primeiro lugar, o que de fato você deseja. Ou seja, quer estabelecer uma rede de contatos para Networking de longo prazo, eventuais parcerias, ou aprofundamento em temas e debates de sua área de competência? Ou quer apenas ver se encontra uma oportunidade e disparar alguns currículos?

O Linkedin, como toda e qualquer forma de relacionamento, pode ir melhorando com o tempo. Você vai conhecendo pessoas e estas a você, vai vincando sua “marca pessoal” e ganhando com isso credibilidade. A pressa nesta circunstância é prejudicial e não o levará a lugar algum. Por isso, olhe a ferramenta como um campo de plantio. Se não cuidar e cultivar não conseguirá resultados. E estes nunca virão em tempo instantâneo.

Por isso, algumas dicas:

Tente não ser aquela pessoa que parece, a quem vê seu currículo ou sua postagem, que é mais um desesperado pedindo peloamordeDeus uma vaga. Ou daqueles que mascateiam o tempo todo: “vendem” de tudo, ou simplesmente são repetitivos e insistentes demais com postagens que, às vezes não possuem o apelo ou interesse do público alvo. É preciso que sua experiência e autoconhecimento o ajudem a entender quando precisa mudar a direção do quê ou como propõe as coisas.

Neste artigo procurei me concentrar em diferentes pontos que o usuário da plataforma precisa ter em mente ao preencher seu perfil. O conjunto destas dicas de boas maneiras, ações e comportamentos que auxiliam num bom relacionamento em rede denominamos de Netiqueta, e que são regras de etiqueta aplicadas à redes sociais. O Linkedin também possui as suas. Portanto, vamos conhecer algumas destas regras de Netiqueta aplicadas ao Linkedin.

Está começando agora, é recém formado, não sabe como preencher e o que colocar em seu perfil?
Então está na hora de ler este artigo:

Vamos a isso?

Como dar visibilidade ao seu perfil?

  1. É fundamental preencher seu perfil por completo!

Em geral, as pessoas por pressa ou mesmo por não saber como, são sintéticas demais e deixam muitos campos e áreas sem preenchimento. Vejam, a plataforma oferece muitos campos e muita facilidade para o seu preenchimento. Permite inclusive anexar documentos em formato Word, PDF, apresentações, Slideshare dentre outros recursos que auxiliam a defini-lo como profissional e sua área de atuação. Explore isto!

É necessário lembrar-se que você está numa rede profissional e precisa mostrar o que pensa, como pensa e como atua. Por isso, forneça o máximo de pistas neste sentido.

Ao iniciar o preenchimento de seu perfil decida-se de uma vez por todas se o fará em português ou outro idioma. Isto é muito importante. Ás vezes a pessoa imagina que colocar uma descrição em inglês, por exemplo, e o restante em português é interessante. Sou da opinião que você deve redigir tudo em excelente ortografia e coerência. Se não dominar completamente outro idioma escreva em bom português. É melhor um bom português do que uma outra língua fruto de tradutor de Google. Também escolha uma idioma só para escrever. É muito confuso ver trechos num idioma e trechos em outro. Se não pretende sair do país escreva em português fluente e correto, e ponto! Não complica.

O preenchimento deve também levar em conta uma regra universal que é a de NÃO utilizar as letras em caixa alta. Usá-las em rede significa que você está gritando. Portanto, não use sob nenhuma hipótese a letra em caixa alta, mesmo que seja apenas para seu nome ou profissão.

Ao preencher seu perfil tome em conta palavras-chave que dão a exata dimensão da sua área de atuação profissional. Certifique-se de que elas favoreçam sua localização em um mecanismo de busca. Pense em hastags que possa usar para te identificar.
Evite hifens, traços, pontos e vírgulas, desenhinhos figurinhas divertidas ou outros sinais que provavelmente confundirão tais mecanismos de busca. NUNCA utilize estes sinais gráficos para compor seu nome (quer no princípio, quer no final). Usar isso significará que não será encontrado de forma alguma em uma busca por nome ou atuação feita pelo algoritmo. É preciso que você pense em maneiras de facilitar que recrutadores ou clientes te encontrem rapidamente, e por isso escolher as palavras certas é tão importante.

E reforço: em toda esta construção do seu perfil, explore as palavras-chave que ajudam a te identificar.
O Linkedin possui algoritmos que adoram encontrar termos que ele usa. Explore isso!
Não sabe como fazer? Faça buscas por perfis semelhantes ao teu e descubra as que melhor te definem.

Ao preencher os campos como: Experiência ou Formação Acadêmica, forneça mais do que o nome da instituição.

No campo Experiência, procure sintetizar qual foi sua função e os trabalhos que desenvolveu. Procure pensar que este é o momento em que você falará sobre como transita na sua área de atuação e de que forma contribui para tornar sua experiência boa não apenas para você, mas eventualmente para uma instituição e para seus colegas de trabalho. Lembre-se: “desempregado” não é ocupação ou profissão, portanto, nunca coloque isso como sua identificação. Utilize sempre ou sua última função, ou o termo que seja mais adequado caso pense em mudar de área de atuação. Aquela palavrinha que você ouviu por aí que virou modo por um um tempo: “em transição de carreira”, não esclarece nada. Ninguém sabe onde você estava e para onde quer ir. Seja claro e objetivo e diga à saída o nome da função ou ocupação que pretende. Sem voltas, por favor. Direto ao ponto.

No campo Formação Acadêmica, busque colocar além do nome da instituição a formação obtida, cursos complementares e eventualmente linhas e programas escolhidos (em especial nos casos de Especialização, Mestrado e Doutorado). Se você é recém formado ou sem experiência use este campo para tentar mostrar de que forma sua escolha intelectual poderá lhe ajudar a atuar como profissional. Explore isso e deixe claro o que aprendeu em sua formação. Na profissão pode escrever: “professor em formação”, “escritor em lapidação”, “Arquiteto em construção, por exemplo. Seja criativo!

Ao mesmo tempo, não misture as duas coisas (formação acadêmica e experiência):

Ao colocar o nome de sua instituição não misture à sua atuação. Sua Faculdade não é o seu Emprego. Explico: às vezes, a pessoa coloca “professor” num campo e em seguida coloca o nome da instituição que cursou sua faculdade, mas ela não que deu aula ali. É importante que você deixe claro onde estudou e que o separe de sua área de atuação.
Ou pior: há pessoas que colocam o nome da instituição e não dizem que curso fizeram! SEMPRE indiquem isso, e a seguir, se considerar necessário coloque a área que atua, já que muitos não atuam no curso que fizeram. Por isso, coloque cada coisa em seu devido lugar. Se você não se preocupar com isso seu perfil mostrará a confusão em que você se encontra e a dificuldade que tem entre separar as coisas.
Seja organizado.

Ainda falando de instituições: não use apenas siglas. As siglas fazem sentido para quem compartilha um mesmo ambiente, cidade ou estado. Em outro lugar elas não farão nenhum sentido. O Linkedin é uma plataforma que permite que seu perfil seja visto no mundo todo. Por isso, escreva o nome da instituição completo, seguido pela sigla e a cidade e Estado a que pertencem. Pode parecer bobagem, mas as pessoas não precisam saber o que suas siglas significam.

Outra situação a ser evitada: colocar um currículo qualquer ou mesmo Lattes em PDF. Ninguém irá abrir!
A plataforma do Linkedin é exatamente feita para que a pessoa que esteja fazendo a seleção tenha ali todas as informações. Portanto se esmere em deixar TUDO na plataforma sem anexar outros currículos. Se tiver coisas importantes a citar ESCREVA.
E mais uma coisa: o Linkedin não é Lattes, por isso, as informações precisam ser bem mais objetivas e diretas. Tal como as redes, as plataformas Lattes e Linkedin são diferentes, com objetivos e recursos diferentes. Cabe a você mediar tais informações adequadamente.

2. Tente obter indicações de outros profissionais

Ainda no preenchimento do perfil, auxiliam muito, as indicações profissionais ou de formação educacional. Ter tais indicações dão a medida do profissional que é, dito por quem conviveu com você. Mas lembre-se: muitas de tais indicações poderão ser checadas por futuros empregadores. Não coloque ali nada que de fato não tenha realizado. Isso seria uma péssima publicidade pessoal e profissional, além de falha ética!

Por outro lado, não constranja profissionais que acabou de conhecer na rede solicitando indicação. Este pedido deve ser feito para pessoas que de fato te conhecem e podem recomendar seu trabalho porque trabalharam com você, ou conhecem sua reputação.

Sobre tais recomendações e as formas de fazê-las saiba mais aqui:

3. Crie uma URL personalizada

O Linkedin também oferece a possibilidade de você ter uma URL personalizada que contenha seu nome. Configure uma para você. Onde? Aqui:
Outro recurso disponível é você configurar seu perfil para deixar claro que está disponível para uma vaga. As diferentes funcionalidades para isso, além de como fazer buscas por vagas. Aqui alguns links fundamentais:

Procura por emprego de maneira privada

Informar aos recrutadores que você tem interesse em um novo emprego

Defina suas preferências de deslocamento para pesquisas de emprego

Mostrar, ocultar e editar seu perfil público

4. Como escolher a foto adequada?

Agora chegamos a um ponto sensível.

Não é meu objetivo fazer uma lista de “nãos”. Mas creio que alguns pontos são fundamentais e gostaria que os tomassem como sugestão.

Em primeiríssimo lugar: sua foto do perfil deverá funcionar como sua imagem profissional.

É sua identidade, passaporte para a empresa ou para o ramo de atividade que quer desenvolver. É, portanto, pessoal e intransferível. Sendo assim, não lhe parece estranho você estar ao lado de alguém (filhos, companheiros/as, amigo/a), ou ter ao fundo uma paisagem de férias e descontração ou mesmo estar vestido para as mesmas? Sei que em fotos de descontração tendemos a estar mais soltos e sorridentes. Mas temos que avaliar se esta imagem é adequada para nossa área de atuação.

Lembre-se:

A boa impressão e imagem postada andam juntas neste caso. Seu companheiro, amigos, parentes ou filhos não são você como profissional: atente para isto!

Vejam, as áreas criativas tendem a ser mais beneficiadas neste sentido e o rigor é menor. Mas em outras áreas há um ‘dresscode‘ que precisa ser considerado.

Fique de olho também para a qualidade desta imagem. O perfil do Linkedin impõe um determinado tamanho para a mesma. Se esta for grande demais ao compactá-la você a poderá distorcer e comprometer a nitidez e definição. Cuidado com aquelas fotos que você recorta porque acha que está bem e aí sobra a parte de um outro corpo: vem mãos, braços, orelhas, cabeças de quem estava do seu lado e você cortou. Por favor, seja caprichoso!
Tente pensar em foco e ângulo. Não há nada mais irritante para alguém que tem que ver centenas de currículos se deparar com uma foto em diagonal ou de ponta-cabeça. Facilite…

Se os homens precisam zelar para não aparentar desleixo ou desconcentração demais, como camisas abertas, gravatas afrouxadas, bermudas ou afins; para as mulheres fica ainda bem mais difícil, explico:

As mulheres precisam tomar cuidado com excessos de brincos, colares, estampas, maquiagem. O espaço da foto é pequeno e às vezes tantos acessórios acabam escondendo a pessoa. Deve-se ter cuidado com decotes, cavas e afins. Você não vai desejar que tenham uma imagem errada ou equivocada de você. Na maior parte das vezes o ditado “menos é mais” se aplica.

Ah! e por favor sem fotos fazendo biquinhos com a boca. É uma foto completamente fora de propósito para esta rede social. Guarde os biquinhos para outras redes.

Se o corpo fala quando for tirar uma foto de braços cruzados cuide para não dar a impressão de que é uma pessoa fechada demais e que não aceita críticas. O braço cruzado tem esta leitura de não abertura. Se optar por ela coloque um bom sorriso no rosto para equilibrar o peso dos braços cruzados.

Uma dica fundamental antes de escolher uma foto é se perguntar:

– “na minha entrevista de emprego eu apareceria da forma como estou na foto?”

Se a resposta for sim e você tiver o mínimo de bom senso esta será a imagem adequada.

Ah! Não seja literal. É uma foto do perfil e não sua foto de perfil.

5. Invista na construção de uma rede forte. Mas como fazer isso?

Esta talvez seja a pergunta que mais movimenta as pessoas em seus objetivos quando decide criar um perfil no LinkedIn.

Repito aqui o que sempre digo sobre o assunto: aqui no Linkedin, quantidade não significará qualidade. Esteja atento a que suas escolhas de conexão sejam de fato pessoas que poderão agregar valor profissional à sua atuação. Sempre tome em consideração o porque quer fazer contato com uma pessoa e a faça saber! Ao dirigir-lhe um convite tome algum tempo e escreva uma mensagem personalizada. Isso já dá uma boa primeira impressão. Ás vezes você não terá uma segunda chance.

Outro ponto a considerar: Linkedin também é uma rede social, e como qualquer relacionamento custa a se fortalecer. E este fortalecimento virá a partir do momento que as pessoas te vejam como um profissional respeitável dentro de sua área de atuação. Por isso, construa um bom nome, uma boa reputação a partir da qualidade do que oferece como troca.

Como sugestão leia aqui como a rede LinkedIn é formada e como são seus graus de acesso a elas.

5. Faça bom uso das postagens

É importante que você compreenda que as postagens são seu meio de comunicação com esta rede que você está tentando construir com zelo e profissionalismo. Por isso, alguns cuidados são fundamentais:

Sempre analise a pertinência do que posta e o quanto esta postagem tem de fato a ver com sua atuação profissional e da sua rede profissional.

Enquanto em outras redes você pode falar sobre qualquer coisa, e estas não precisam ter que ver com nada que seja sua atuação profissional, por aqui a coisa é diferente. Necessariamente precisa ter em mente esta conexão.

E só para reforçar:

  • Nunca, nem sob tortura, poste temas que sejam irrelevantes, propagandas e vendas que não interessem a ninguém a não ser a você mesmo. Não distribua SPAM!

RESUMINDO:

  1. Preencha seu perfil por completo: não misture formação com ocupação! O nome de sua Faculdade não é o seu emprego ou função.
    Desempregado não é função. Portanto, dê o nome certo a função que é capaz de desempenhar e/ou a que irá investir como carreira.
  2. Obtenha indicações de outros profissionais
  3. Crie uma URL personalizada para chamar de sua
  4. Escolha uma foto que seja adequada ao seu perfil profissional: você não está de férias, a passeio ou procurando um relacionamento.
  5. Invista na construção de uma rede forte: escolha pessoas que possam ajudá-lo a somar e crescer.
  6. Faça postagens adequadas à sua área de atuação ou ocupação. Gatinhos, autoajuda e ‘tenha um bom dia’ deixe para as outras redes.

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Ceda lugar ao novo

 Por: Eliana Rezende Bethancourt

Em uma sociedade onde consumir é a regra, ter e ostentar seja o natural, parece estranho falar em ceder espaço.
Proponho substituir a tão batida palavra desapego, por ceder espaço, dar lugar.
A palavra desapego teria um significado muito interessante, mas de tão usada e repetida parou de ter o sentido que se esperaria dela. Como tantas outras palavras, perdeu valor por ser moeda fácil e de quase nenhuma aplicação.

Ceder lugar dá ao desapego o sentido mais próximo do seu significado original.
Ao falar em ceder lugar, parto de uma constatação muito simples: as pessoas em geral distraem-se muito com o ter e esquecem-se do ser.
E explico porque considero o ter uma tremenda perda de energias:

O que temos não podemos levar a todas às partes, já o que somos vai conosco pela vida, pelo tempo e espaço. Por isso sempre é bom arranjar meios para simplesmente ser“.  (Eliana Rezende Bethancourt)

Os entulhos espirituais, emocionais ou materiais devem, por força de nossa saúde e bem estar, ser eliminados.

Aqui faço uma metáfora simples que é da minha área profissional e que se aplica com propriedade à vida: os documentos em um trabalho de Gestão Documental obedecem uma Temporalidade. Transcorridos o tempo e suas funções são eliminados, e somente os de muito valor são preservados para à posteridade, num para sempre eterno.
Com este processo garantimos que apenas aquilo que tem valor sobreviva ao tempo, e o restante, que ocupa recursos e espaços desnecessários são entregues ao seu fim.

Imagine que maravilha poder olhar para uma relação que nos desgastou, um emprego que nos sugou, uma pessoa que nos vampirizou, e simplesmente dar-lhes um tempo limitado. Feitos todos os estragos e aprendizados em nossas existências, partirem sem deixar rastros!
E nós, por outro lado, sem permanecermos num infinito retorno e amargor desses desencontros. Entenderíamos como apenas algo que tinha uma função, e que tendo sido cumprida cederia a vez à próxima aprendizagem. 

Se fôssemos capazes de definir prioridades para as nossas vidas e saber desapegar-nos daquilo que não importa, interessa ou acrescenta, estaríamos sempre leves para cada novo que chegasse. 

Penso na vida, um pouco, como um longa viagem e que como tal não permite excesso de bagagem. Todos sabem o que uma mala com sobrepeso representa numa longa viagem, não é mesmo? Quase sempre, um esforço desmesurado que ao fim não vale o que nos custa.

Os inexperientes descobrem, à duras penas, que não adianta levar uma mala cheia, que voltará quase sempre sem ter sido mexida, e que os pesos e contrapesos darão apenas dores musculares e taxas extras nos aeroportos.

Pense a vida como aquela ponte que nos leva de uma margem à outra. Ninguém pensaria em sobre ela construir um prédio com fundações. Uma ponte é apenas caminho, passagem. Seu objetivo é nos levar de um ponto a outro. Não se fixa residência sobre uma ponte! Assim é a vida. Um caminho que deve ser feito de mãos livres, mente, coração e olhos abertos, ouvidos atentos a tudo o que for apresentado aos sentidos.

Em geral, tal como as malas arrastadas por uma viagem inteira, as mãos, os corações e as mentes ocupadas em carregar os entulhos passados não permitem que estejam abertas para receber o Novo da vida. Como aceitar algo com as mãos, se elas estão presas e seguram algo que já passou?

É preciso se convencer que não se pode seguir pela vida acumulando e tendo tudo.
Escolhas precisam e devem ser feitas, e quando aprendemos esse desapego simples que é até de se questionar sobre se de fato precisamos mesmo daquele parafuso ali naquela gaveta, sentimos uma liberdade de ser que não se compara a compulsão do ter.

Um exemplo muito simples mostra esta compulsão pela posse e ostentação futura: as pessoas viajam e em vários casos, em vez de tentar sentir sua viagem, seus odores e sabores, ficam disparando fotografias para todos os lados e a distração em fotografar os tira da concentração de viver o momento.
Querem uma imagem para postar na rede. Clicam rapidamente para ter o consentimento de esquecer.
Desapego aqui seria preocupar-se em fixar imagens e sensações em si… e não em um gadget!
E de novo temos o sentido do que é o ter e o ser.
Ao término da viagem haverá uma coleção de imagens, mas e a verdadeira viagem, aquela que é um deslocamento da alma e dos sentidos? Será reduzidas a imagens e selfies? Tão pouco, não é? Isso para mim é o maior exemplo de pobreza. Ainda que as imagens sejam de pores do sol pelo mundo!

O horizonte do desapego é largo, e pode incluir tantas coisas.
Se bem conduzido, passará longe de ser perda! Ao contrário, será extremamente rico e para alguns chegará a ser libertador.

Mas não falo apenas daquela bolsa, sapato, roupa ou brinquedo tecnológico. Falo de sentimentos, pessoas, empregos, funções que já não nos servem mais e que insistimos em mantê-las nos armários de nossas existências, quer por medo de não encontrar substituto, quer por medo de sermos rapidamente substituídos e descobrir que afinal, nem éramos assim tão indispensáveis.

É preciso compreender que podemos achar que temos a posse de algo, mas em verdade somos possuídos. Somos possuídos por medos, inseguranças, fragilidades. A posse longe de dar conforto e segurança aprisiona, tira objetivos e se transforma em uma gaiola que temos a chave, mas temos medo de usá-la.

Descobrir que o melhor que temos está dentro, e, pode ir junto por toda a parte, é o melhor dos aprendizados.
Infelizmente alguns levam a vida a toda e não aprendem essa lição e a do acúmulo lhe toma toda a existência.

Assim, se você passou um ano inteiro sem calçar um sapato, usar uma bolsa, uma roupa fantástica que você pagou os tubos, não ligou uma única vez para aquela pessoa, talvez seja um forte indício de que você precisa exercitar o desapego. Se passou um ano inteiro, perdeu todas as oportunidades que poderia ter, e portanto, definitivamente não precisa disso para si.

Ceda espaço… ceda lugar ao novo.
Faça isso tudo circular nos armários, gavetas, garagens, na vida!
Afinal, tudo é um empréstimo que a vida te deu: usufrua, sem apego apenas com discernimento.

* Post publicado originalmente no meu Blog, o Pensados a Tinta

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Tempo: Valioso e Essencial

Por: Eliana Rezende Bethancourt

Ouça eu ler para você (escolha a opção abrir com: 
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Não contem a ninguém: mas hoje faço Aniversário.
É a passagem do Velho Senhor dos Tempos em mais uma ronda. Alcança-me os anos e mostra-me a conta dos meus dias.
Penso sobre tudo e concluo que a vida é mesmo sábia. Nos dá os anos para que não vivamos tudo de uma só vez. Viver, portanto, é ter a paciência para moldar um espírito inteiro!
Olhando para frente, e para trás, parece-me que tenho muito menos a viver do que já vivi. Eles passam e ganhamos certas coisas, na exata medida que outras se vão.
É a Lei das compensações:

Aos 18 meses de idade

Se a pele perde viço, os pensamentos ganham razão. Os bons argumentos se fazem desta.
Se o tônus do corpo se perde a mente e as ideias ganham contornos e robustez. Sabem que precisam ser edificadas fortes para que firmes se sustentem.
Se o corpo pode falar, o silêncio ao lado da escuta pode ser bom conselheiro. Descobre-se o verdadeiro sentido de se ter dois ouvidos e apenas uma boca: é preciso sempre ouvir mais do que falar.

Se as paixões não são avassaladoras, há o terno calor do amor companheiro que aquece e segue por onde quer que possamos ir.

Se os olhos precisam de óculos, a perspicácia ganha agudeza. Enxerga-se adiante num futuro que ainda é esboço, nas entrelinhas de gestos, de não ditos.
Descobrimos que em toda nossa trilha, com tantas idas e vindas, cada um de nossos dias foi vivido em nossa exclusiva companhia. O Tempo nos faz solidários e generosos com o que somos. Estaremos juntos até a última de nossas respirações. Assim nada de animosidades, rancores, maus sentimentos. O maior de todos os amores deve ser gentil, suave e sem culpas ou arrependimentos: é de nós para nós mesmos.

Substituem-se sonhos por realizações. Na ronda do Tempo percebemos o que fomos e o que nos tornamos e como a alquimia dos sonhos transformou nossas vidas, materializou projetos, redimensionou ideais. Criou pontes entre passado, presente e futuro.
Tudo em perfeita sincronia para que os anos nos cheguem e tenhamos o que barganhar.
Muito interessante e sábio.

Do outro, e até porque os anos passam e o saldo tende a diminuir rapidamente, não temos tempo a perder. O Tempo nos faz saber que correr para enriquecer é o remédio para todas as doenças. E que o lucro obtido será gasto para comprar a cura das doenças acumuladas pelo estresse, noites mal dormidas, trânsito pesado, reuniões intermináveis.
Não se lucra quando se subtrai.

O Tempo é valioso e essencial, tece-nos a trama de quem somos, nos dá memórias e vinca nossa identidade pelas eras e pelos espaços por onde trafegamos, portanto:

Não há Tempo para se perder com a fogueira de vaidades e com coisas sem importância.
… . É sim, Tempo para cultivar generosidades;
Não há Tempo para se ocupar de existências alheias.
… . É sim, Tempo de colher o que se plantou;
Não há Tempo para discussões sem proveito ou lutas insanas.
… . É sim, Tempo das almas maduras que buscam apenas o essencial;
Não há Tempo para perder com invejas, fúrias, preconceitos, mesquinharias (físicas ou espirituais)
… . É sim, Tempo de sedimentar o que de fato foi construído;
Não há Tempo para desejos de vingança ou ganâncias.
… . É sim, Tempo de perpetuar para não esquecer nossa brevidade no lapso tempo/espaço;
Não há Tempo para disputas, melindres ou guerras de egos e poder.
… . É sim, Tempo para alargar o espírito.

Enfim, não há Tempo para mediocridades e posses. Não servirão de nada para o lugar que iremos!

Talvez o caminho ao final seja de novo inverso: nascemos sem nada (física, mental, material, espiritualmente) e deveríamos, se aprendemos algo do Tempo, levar de volta um espírito alargado.

Se ao nascer começamos a morrer, olhando-se de lá para cá, talvez ao morrer começamos a nascer daqui para lá.

Sigo pensando que quero que meus anos passem, para que ao final possa dizer no meu Testamento:

Não deixo bens…
Não acumulei nem construí nada que possa ser roubado ou destruído.
Não possuo nada de valor material para ser perdido.
Não tenho nada que possa ser penhorado, trocado, vendido

Tenho apenas: 
Voltas que dei pelo mundo
Encontros delas resultados;
Amores vividos, 
Caminhos compartilhados,
Escolhas e mudanças de rumos e rotas
Paisagens que vi pelas janelas, em todos meus deslocamentos.

Culturas que conheci
Templos que entrei
Arquiteturas que vi
Pontes que atravessei
Muralhas que adentrei
Ruas por onde andei;

Mares que naveguei
Odores e sabores que experimentei
Pores-do-sol dourados que assisti
Amanheceres de luz que vi
Gotas de chuva caídas em dias quentes de verão
Luas de prata e douradas suspensas com meus pensamentos distantes
Tons de outono
Sombras frondosas e folhas em matizes sépia
Horizontes cor de esmeralda
Céus estrelados de dois hemisférios;

Sons que escutei
Brisas que senti
Músicas que dancei
Brindes que fiz
Vinhos que amei
Livros que li;

Vistas de sonhos sendo construídos
Quadros e esculturas que apreciei
Pensamentos que arquitetei
Linhas que escrevi
Tramas que teci
Ligações que estabeleci
Sorrisos que distribui;

Desculpem-me todos…
Os erros que cometi.
Não tive tempo de acumular artigos

Estive todo tempo ocupada em Viver!…

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