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Os Analfabetismos do Século XXI

Por: Eliana Rezende Bethancourt

De uma sociedade que chegou a ser chamada de sociedade de informação temos nos convertido num exército de analfabetos surgidos do modo de viver digitalmente neste principio do século XXI. 

O volume avassalador de informações produzidos e reproduzidos em rede tem mostrado o quanto quantidade tem sido inversamente proporcional à qualidade.
O desenho propiciado por plataformas e aplicativos digitais favorecem que as informações fragmentadas possam circular em grande quantidade e fazer um rastro imenso em diferentes camadas da população. Este estilhaçamento faz com que a mesma informação alcance nichos diversos com capacidades diversas de lidar com tais fragmentos.

Ou seja, apesar da possibilidade de maior velocidade de compartilhamento tais registros não primam por reflexão e aprofundamento. É um plainar raso sobre todo e qualquer tema. Com um outro agravante: em segundos e um clique todos se convertem em especialistas de TODOS os assuntos e temas, em vários casos, com perspectivas e defesas tão apaixonadas que podem gerar muito barulho e furor.

É óbvio que as redes surgiram para interação entre pessoas, e tinham como principal objetivo agilizar assuntos sem aprofundá-los. Era algo muito interessante inicialmente. O que ocorreu a seguir foi começar a se converter na única forma de comunicação em diferentes ambientes. De rodas de conversas entre amigos e familiares, sua adoção foi por outros setores e rapidamente foi tragada por ambientes institucionais e até educacionais. 

Tudo isso somado: superficialidade + agilidade resultou em uma gama imensa ou de publicidades de todas as ordens, em especial as indesejáveis, e de outro muuuita desinformação. O pulo para desinformação foi favorecido exatamente por esta incapacidade de ler e ter crítica sobre o que se lê. Atentem que a palavra crítica aqui possui aquele sentido de ser capaz de aprofundar um tema ou assunto por que a pessoa se deteve e estudou para aquilo, a boa crítica deveria se assentar em argumentos e bons fundamentos.
Mas não é o que temos.

O fundo deste problema é uma geração inteira que nasce e cresce num ambiente onde as redes sociais dominam e a elaboração de um pensamento crítico e aprofundado é cada vez mais abandonado. 
No geral, e propiciado por tais comunicações rápidas das redes, os mais jovens mostram uma quase incapacidade de concentração, análise e reflexão sobre um determinado tema. 

“A atenção fragilizada e dispersa somada a incapacidade de pensamento reflexivo nos leva diretamente  aos mais novos analfabetos do século XXI. O analfabetismo aqui tem rastros e vícios digitais. Muitos não conseguem se quer escrever com letra cursiva ou escrever corretamente sem um corretor ortográfico acionado. Pensamentos mais complexos e correlacionados quase ficam inviabilizados e o exército destes analfabetos aumentam dia a dia  e são facilmente mensurados no número de desempregados ou sem profissões. Muitos não conseguem reunir o mínimo necessário para se capacitar e desenvolver um pensamento mais abstrato e robusto”. 

Por: Eliana Rezende Bethancourt

Não confundir esta forma de analfabetismo, que é a incapacidade de formular raciocínios mais complexos e profundos em direção ao pensamento mais reflexivo e critico com o que denominamos analfabetismo digital.

Neste caso, o analfabetismo digital se refere à ausência de acesso aos meios digitais. São pessoas que mesmo alfabetizadas no sistema tradicional não conseguem usar e se valer das diferentes tecnologias digitais. Possuem dificuldade em utilizações básicas de editores de textos, planilhas, visualização ou produção de documentos em meios digitais.  

O analfabetismo digital está intimamente relacionado à pobreza.
A tecnologia não é um sistema igualitário e sua manutenção e atualização exige recursos. Quem não os possui será automaticamente alijado de todo o sistema.
Neste sentido, o analfabetismo digital é mais uma face da desigualdade social, cultural e econômica que aflige milhões na humanidade. 

Convivendo com tais formas de analfabetismo temos o mais popular de todos e que precede os que abordamos até aqui que é o analfabetismo funcional.

O analfabetismo funcional vem se transformando num clássico entre diferentes níveis de escolaridade, pois atinge de forma irrestrita uma grande gama de todas a população supostamente escolarizada.

O analfabetismo funcional pode se manifestar de diversas formas, mas as mais usuais são os casos em que o individuo de fato aprendeu a ler e tecnicamente aprendeu a fazer uma leitura pragmática envolvendo seu dia-a-dia, mas que não é capaz de interpretar um texto ou compreender subtextos. O analfabeto funcional possui seu diploma, mas é incapaz de ter um raciocínio bem elaborado ou fundamentado sobre um tema, não é capaz de construir argumentações ou fundamentações valendo-se de seu aprendizado.

Por isso, é usual encontrarmos analfabetos funcionais em níveis considerados superiores, onde a pessoas passam por processos de alfabetização, consegue ingressar em cursos que não exigem tanto em seus processos seletivos, e por isso, serão incapazes de exercer suas profissões porque simplesmente não conseguem ir além da mera leitura.
Não constroem ou elaboram a partir do que aprendem, e por isso, também não são capazes de emitir posicionamentos ou pesquisas circunstanciadas sobre o que quer que seja.

Vê-se que quando temos estas sobreposições de analfabetismos estaremos diante de um grande problema não apenas escolar mas sociocultural.

É preciso compreendermos as diferentes camadas de que são feitos tais analfabetismos, para que em todos os casos seja devolvido a estes atores a possibilidade de ter pleno acesso e cidadania social, cultural e digital. Sem compreender isso, estaremos mergulhados num pântano de preconceitos nebulosos e total incapacidade de viabilizar informação para a produção de conhecimento.

De tudo o que foi mencionado, fica claro que todos aqueles que se dedicam aos temas acima e suas conexões com a Educação terão obrigatoriamente de tomar em conta os caminhos de desigualdade social que atinge nossa população de forma avassaladora.
A partir da pandemia de Covid19 todos estes elementos se entrecruzaram e revelaram um país com muitas dificuldades e obstáculos a vencer. Foi escancarado o que já institivamente sabíamos: os fossos educacionais se estreitavam cada vez mais quanto mais carentes eram os públicos.

Milhões de alunos ficaram completamente reféns de uma situação que mostrava aos quatro cantos que seus pais e outros membros de sua família sofriam de vários níveis de analfabetismo e que pouco ou nada poderiam ajudá-los em suas dúvidas.

E não foi difícil encontrar educadores que também sentiam em maior ou menor grau seus limites em relação à alfabetização digital.

Assim, fica absolutamente claro que se não cuidarmos de nossas desigualdades todas as outras camadas de dificuldades apenas se aprofundarão e irão compor uma verdadeira erosão social e cultural em nosso país em pouquíssimo tempo. A digitalização do mundo está sendo responsável, ao mesmo tempo em que oferece novas profissões e caminhos de subsistência, um grande exército de desocupados que simplesmente não conseguem assimilar este novo mundo.

O laço estreito entre analfabetismo digital e exclusão digital ocorre na medida em que parte considerável da população é alijada dos meios possíveis para gerar riqueza e conhecimento a partir destes meios digitais. Isso ficou muito patente durante a pandemia de Covid19 quando milhões de pessoas não tinham como realizar seus trabalhos remotamente, ou crianças que não tinham como ter suas aulas online.

Mas a exclusão digital possui outros tentáculos e por consequência outros alcances:
– é uma importante barreira a ser vencida para os que desejam produzir saber e conhecimento;
– acentua diferenças sociais
– dificulta acesso ao trabalho e por consequência melhoria nas condições de vida e renda;
– acentua o isolamento e a distância de territórios e pessoas (quanto mais distantes e pobres os territórios de exclusão digital aumentam)

Esta exclusão digital não possui um único tipo. Ela pode ser subdividida em:

  • exclusão de acesso
  • exclusão de uso
  • exclusão de qualidade no acesso

    O que este itens significam? Eventualmente as pessoas simplesmente não conseguem ter acesso ao meio digitais. Outros até podem possuir o acesso, mas não dominam de forma eficaz tais meios. E finalmente, há aqueles que possuem o acesso, conseguem usar algumas de suas possibilidade e ferramentas, mas não possuem conhecimento diversificado e aprofundado para tirar o máximo proveito de todos os recursos que estariam disponíveis.

    Ou seja, a exclusão digital é tão complexa quanto a exclusão social, mas possui uma série de variáveis que interferem em todo o processo e estes estão totalmente ligados aos meios digitais.

“Especificamente no caso do Brasil, a exclusão digital se assenta nas desigualdades sociais, culturais, econômicas e históricas.
Daí sua complexidade e acabar se transformando em reflexo de todas elas”.
E o principal: a exclusão digital e a exclusão social se retroalimentam reforçando uma à outra.

Por: eliana Rezende Bethancourt

Não enfrentar isso, significará ter um país cada vez mais empobrecido, famélico e sem possibilidades de exercer atividades que lhe ofereceram uma remuneração que mantenha a si e sua família.

É disso que teremos que tratar como cidadãos que ensinam e lutam por igualdade e cidadania digital e social .

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EaD não é improviso! É Ferramenta.

Por: Eliana Rezende Bethancourt

A chegada do Covid19 nas existências de milhões de pessoas quase que simultaneamente, descortinou um horizonte distópico, presente apenas em ficções científicas.

Sem qualquer cerimônia ritmos de vidas, trabalhos, existências, planos simplesmente tiveram que ser interrompidos, adiados, e em alguns casos perdidos para sempre.

A Educação acabou sendo uma das áreas mais afetadas, por atingir diferentes faixas etárias e de níveis de aprendizagem que diariamente passam por ela.

E a Escola, de repente, como que num tranco, teve que digitalizar-se.

A aventura da digitalização em ambientes escolares encontra muitos e variados problemas, que por décadas, não foram tratados ou mesmo considerados. Por anos adiou-se a inciativa, considerando-se sempre que o futuro seria um bom lugar.

No entanto, e em virtude desta digitalização por trancos, assistimos a um processo de oferecer tal digitalização do ensino como panaceia de baixo custo e solução rápida para o enfrentamento do isolamento social. Era uma suposta solução, mas que resultava ser quase que de improviso, já que até então NUNCA tinha sido tomada como realidade para o ensino, em especial para os anos de formação dos alunos. Mesmo nos casos de Ensino Superior, o EaD era feito com várias ressalvas e em casos bem específicos. NUNCA como dinâmica para aulas.

Diante de tal quadro de improvisação generalizada os resultados não tem sido bons, e os motivos podem ser desfiados em um grande rosário. Poderia elencar uma infinidade deles, mas detenho em apenas alguns.

Vejamos:

1) Uma das maiores lendas sobre o EaD e processo de ensino digital ou virtual é de que ele seja barato e rápido. Bastaria um computador, um celular, uma plataforma qualquer e pronto! Mágica se daria. Vídeos poderiam ser mostrados e as aulas seriam uma festa.

A realidade é outra, muito diversa. EaD não é improviso! Não pode ser pensado como um remendo para um buraco curricular onde o ensino presencial não possa ocorrer. Até o nome parece indevido, já que o Ensino não pretende pôr os alunos à distância. Ao contrário, o maior esforço desta modalidade é dar ao aluno a sensação de proximidade ainda maior com seu professor do que em aulas presenciais.

2) Para alcançar seus objetivos PRECISA ser estruturado e pensado para seu público alvo. Necessita de  objetivos muito claros e sequências de dificuldades que incorporem e validem se a aprendizagem está ou não ocorrendo. Isto deve ser feito antecipadamente, e por isso, sua matéria-prima mais importante é o Tempo. Precisa passar por diferentes fases que vão desde a elaboração, produção, a validação e disponibilização. É um trabalho multidisciplinar que dá ao conteúdo extensão e profundidade que garantam interesse e possibilidades de aprendizagem. É neste caminho de construção que se estabelecerão as possibilidades de estreitamento de relação entre docente, discente e conteúdos propostos.

A lógica construtiva é de favorecer a aprendizagem por camadas de dificuldades e etapas, ao mesmo tempo em que individualidades se beneficiem disso, já que o estudo é individual.

Este meio de produção é interdisciplinar por que vai desde a definição e elaboração do conteúdo que o docente quer abordar a partir de um planejamento, e posteriormente, o desenho deste adequando-o ao ambiente a ser usado. Entram neste momento profissionais que trabalham com a redação, ilustração, animação destes conteúdos. Como tijolos de uma construção, vão sendo sobrepostos e encaixados para um fim último, previsto na fase de planejamento.

3) Os recursos vão muito além de plataforma digital obtida através de um aplicativo de celular ou do uso de vídeos gravados no YouTube.

Ou seja, EaD não é panaceia para nada e muito menos custa “barato”.

Infelizmente, como sempre acontece com áreas de tecnologia, há mascates que tentam vender uma fantasia que não se realiza.
EaD é APENAS FERRAMENTA!
A produção, altamente especializada fica com os alimentadores (que neste caso são os docentes e a equipe multidisciplinar citada acima). Não são mérito o produto de prateleira oferecido em uma ferramenta. Por isso, não estão no âmbito de uma Solução. Esta só pode ser oferecida pelos que sabem o que desejam, como e para quem se destina. Em outro artigo explicito a diferença entre Ferramenta e Solução, que você pode ler aqui.

5) E aí seguimos para o outro universo bastante real.
Tais plataformas necessitam de uma velocidade de internet e de trânsito de dados (no caso de celulares) relativamente grande para o quê a maioria esmagadora da sociedade não têm acesso. Muitos dos alunos não possuem sequer celular ou computadores pessoais com redes que ofereçam esta quantidade de tráfego de dados.

Do ponto de vista de tecnologia e acessibilidade somente uma minoria poderá ter acesso a este meio de ensino.

Mas as dificuldades não param na tecnologia.

Além do espaço virtual, temos uma dificuldade de espaço físico. Nossa sociedade chega a ser miserável, e imaginar que alunos conseguirão ter espaços apropriados para estudar e aprender é outra ficção. Muitos não possuem nem uma cama para chamar de sua! Dividem muitas vezes esta cama com outros irmãos, e esta é disposta em um quarto com outras “camas”, onde a família toda fica. Algumas vezes, este cômodo também é cozinha e/ou a sala. A conformação do espaço físico onde estes alunos estão, somados à inviabilização tecnológica se coloca como um muro para as necessidades de aprendizagem. Um obstáculo, muitas vezes intransponíveis.
E do ponto de vista de apoio intelectual ou mesmo o esclarecimento de dúvidas, quase quem na maioria dos casos não possuem pai ou mãe, ou alguém mais velho em condições de lhe ajudarem nas dúvidas mais simples. Temos um país onde o analfabetismo funcional e tecnológico impera. São tantas as mazelas!

6) Aí chegamos à outra ponta das necessidades: o capital intelectual produtor dos conteúdos: os professores das redes de ensino.

Uma reportagem recente mostrou que 8 em cada 10 professores se sentem incapazes de produzir e administrar os conteúdos on-line para suas diferentes turmas e séries. Vários deles, e quase que sem alternativa, usam Whatsapp para desenvolver seus conteúdos. O que representa de fato uma improvisação sem tamanho.

A formação de nossos professores é muito restrita em alguns casos, e isso faz com que tenham limitações profundas em introduzir seus conteúdos de forma diversificada e longe das salas de aula. Fazer a ponte entre conteúdos teóricos para questões práticas de aplicação tornam-se quase inviáveis para alguns docentes. às vezes por restrição intelectual, às vezes por inabilidades ou fragilidades didáticas.

Tudo estaria bem, mas ainda temos OUTRO sério e grande problema:

Nossos alunos, e dada a fraca formação que acabam por receber, estão longe do que seja saber estudar por si. O ensino EaD pode ser desafiador, e afirmo categoricamente que se beneficiarão dele os que souberem estudar, já que esta forma de ensino exige muita dedicação, concentração e disciplina. Em geral, os melhores alunos e mais dedicados são os que mais se beneficiam. Mas aqueles alunos com maiores limitações e dificuldades ficarão ainda mais longe dos objetivos propostos.

Ou seja, todo este processo de digitalização do ensino é interessantíssimo, mas muitas bases precisam ser previamente lançadas. Não há espaço para improvisos. EaD não pode ser olhado como o tapa buraco ideal num momento de pandemia.

É preciso sim, compreender que o EaD possui possibilidades e muitas limitações. E só a partir de um desenho cuidadoso que se pode optar por ele sem ser apenas um mascateador de educação. Ninguém deseja isso.

Mas então como fazer?

Em primeiro lugar, não creio que sejam as ferramentas disponíveis que darão respostas tão importantes e necessárias para nossas demandas. É preciso desmitificar o EaD como panaceia. A rigor, o elemento fundamental e mais importante na relação ensino-aprendizagem é a relação entre docentes e discentes e a forma como pontes são criadas para dar acesso à produção de conhecimento.

A dinâmica do ensino que temos nos dias de hoje ainda está presa às tradições positivistas do século XIX e começo do XX. Na maior parte das vezes, o ensino é conteudístico e os alunos colocados como receptáculos. É um sistema fabril, onde as individualidades e capacidades individuais não são tomadas em conta, onde o conteúdo é homogeneizado para consumo horizontal de muitos.

A digitalização de estratos da sociedade e a forma como as redes sociais invadiram todos os espaços alterou capacidades de concentração e interesses. De um lado nossos alunos estão viciados em estímulos rápidos e não conseguem concentrar-se por tempo suficiente para “criar” algo. No geral, os alunos delegam a ferramentas como Google e demais aplicativos, tarefas que exigiriam tempo e construção. E está aí, o calcanhar de Aquiles que os professores poderiam mudar todo o jogo do tabuleiro. Ao ensinar seus alunos a aprender e produzir, estariam libertando-se da tarefa monótona de “ensinar”. Em verdade, caberia a si a tarefa de ser um incentivador, um estimulador de trilhas para descobrir porquês. Aqui sim, acredito que a mágica se faça. E para tanto, não são as ferramentas que fazem isso. Num mundo onde onde inteligências artificiais estão em discussão, o verdadeiro “valor” não é o que máquinas são capazes de fornecer, mas sim àquilo de que precisam e só os humanos são capazes de fazer: desenvolver experiência para adquirir sabedoria.

Se o caminho é de descobertas, deve haver por parte de quem estimula isso o apreço pelo improviso, pela flexibilidade e mudanças de rumo. Portanto, o segundo passo fundamental é não exigir de si ou dos alunos mais do que todos são capazes de construir. Portanto, limite-se ao básico. Não expanda demais seus horizontes para ficar parado em lugar algum. Concentre-se com foco num ponto onde todos serão capazes de chegar e a partir dali, se for possível, seguir adiante. Neste momento é importante não sofrer da “síndrome de Deus”. Não queira fazer tudo ao mesmo tempo. Lide com suas próprias limitações, as de seus alunos e da sua instituição. Reconheça as diferenças entre todos. Aqui é uma trilha para uma montanha e cada um carrega mochilas com suprimentos diferentes, com pesos diferentes e com habilidades diferentes. Portanto, deve-se buscar um horizonte comum a todos.

Neste primeiro momento é preciso encontrar-se esta ambientação e troca.  Se ao término tiverem aprendido como realizar isso já terá sido um grande começo.

Entenda, que aqui o maior valor de todos é a capacidade criativa e colaborativa. Há que se admitir e entender que as disciplinas são comunicantes entre si. Saber fazer esta costura fina entre as partes diminuirá a carga e o volume de trabalho. Uma mesma tarefa bem construída poderá ser pensada por várias áreas e a forma de construção em projetos fica extremamente facilitada aqui.

Torne os alunos parte do processo e quem sabe, envolva-os ao ponto de eles próprios criarem conteúdos para os mais novos. Ou mesmo buscarem forma de compartilhar suas descoberta através de infinitas formas de publicação: de papel pardo à instagram, tinder, ou tipo post-it. Não importa! São apenas suportes. O que interessa é o conteúdo produzido. Isso é o que precisa ser entendido por todos: a capacidade criativa NÃO É DADA PELA FERRAMENTA usada mas sim por quem a alimenta, ou seja, TODOS NÓS!

Dou um exemplo super simples: o que faz uma pipa voar? Como se constrói uma?

A partir desta pergunta simples são acionados conhecimentos de física, matemática, artes, educação física, para ficar apenas em alguns casos. Os alunos podem tentar explicar a relação entre os tipos de papel, peso, volume, velocidade do vento no equilíbrio de sua manutenção no ar. Ao mesmo tempo que para sua construção e decoração precisam de elementos criativos e habilidade manuais. Empinar a pipa significa um bom esforço e condições ideais de clima e espaço físico (aqui se aborda o risco de uma descarga elétrica por raios ou rede elétrica). Notaram quantos elementos podem ser colocados, construídos e desconstruídos a partir daí? E há mais: as pipas podem conter para sua ilustração pequenos trechos ou poesias…

Videos criados pelos alunos podem mostrar o passo-a-passo. Ou quem sabe alguém consiga desenhar estas etapas utilizando-se da noção de elaboração de um infográfico.

Enfim… o céu é o limite para criar.

Mas aqui retomo o papel dos professores: o medo do improviso e flexibilização por parte de alguns se dá por sentirem que estão sem suas armas de segurança. O espaço da sala de aula e do livro didático se torna seu grande porto seguro. Ao criarmos situações inusitadas de aprendizagem encontraremos experiências talvez muito diferentes do que imaginamos inicialmente. Este é o ponto e a inação de muitos. Ao despertar nos alunos esta fagulha de criatividade e caminho interdisciplinar é preciso estar aberto a tudo.

E por último, mas não menos importante. Não se fie em ferramentas. Fie-se na produção conjunta de conhecimento. Escolha uma ferramenta que sirva aos teus interesses e necessidades e não o contrário, uma ferramenta que te faça de servo e te obrigue a se adequar a ela.

Descobrirá rapidamente que o segredo não é a digitalização em si, mas sim na forma como produz conhecimento a partir dos caminhos que trilha e como se aprende a aprender.

Boa sorte!!!

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